tag:blogger.com,1999:blog-13998425145834256832024-03-13T15:24:28.986-07:00APESOs macacos desceram das árvores e acessaram a internet! A Revista Apes é um coletivo de sete cabeças que postam aqui, suas opiniões e criações nos campos da política, cultura, arte, entretenimento, educação e o que mais ferver no córtex e nos quadris. De tempos em tempos, estará disponível uma edição fechada para download. Se quiser somar, agarre nosso galho.APES!http://www.blogger.com/profile/14771183792447908977noreply@blogger.comBlogger214125tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-44108725921768884032013-06-20T21:47:00.003-07:002013-06-20T21:47:25.290-07:00E agora Esquerda?
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<a href="http://1.bp.blogspot.com/-2t0SKoffrHk/UcPavuhweVI/AAAAAAAAAQw/EFW5BKksNN8/s1600/406681.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-2t0SKoffrHk/UcPavuhweVI/AAAAAAAAAQw/EFW5BKksNN8/s320/406681.jpg" width="304" /></a></div>
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Nas últimas semanas uma série de
manifestações tomaram as cidades do país, reivindicando a
diminuição das passagens de trem, ônibus e metrô, impulsionadas
pelo MPL (Movimento Passe Livre), um coletivo autônomo e apartidário
que a quase 10 anos luta pelas questões relacionados ao transporte
público coletivo e tem como foco de reivindicação o passe livre,
ou seja, a gratuidade no uso destes meios de transporte para todos.</div>
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Muitos setores da esquerda aderiram a
luta do MPL e foram as ruas protestar e posicionar contra o aumento
das passagens em várias cidades do país, protestos estes marcados
pela ação direta e desobediência civil, que a mídia tradiconal
convenientemente chamou de baderna e vandalismo, com a clara intenção
de desmobilizar e desmoralizar o movimento, fazendo com que o cidadão
médio se indignasse contra as manifestações.</div>
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Mas o tiro saiu pela culatra quando o
Governador do Estado de São Paulo equivocadamente ordenou ao
aparelho de repressão do Estado, a Polícia Militar, que endurecesse
contra os manifestantes no ato da quinta-feira dia 13 de junho. A
violência da ação policial contra a classe média que estava nas
ruas gerou um clima de indignação na população e fez com que ao
invés do movimento diminuir, ele aumentasse espantosamente e na
segunda-feira dia 16 de junho cerca de 100 mil pessoas saíram as
ruas não motivadas pela pauta em questão, mas sim indignadas por
causa da ação da PM, e a partir daí introduzindo outras pautas que
não faziam parte do movimento.</div>
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Ao ver toda aquela gente na rua,
obviamente que todos aqueles envolvidos nas manifestações desde o
começo, se empolgaram, vendo a oportunidade de uma adesão real as
pautas políticas propostas pela esquerda que havia articulado tudo
aquilo, esquerda esta que inclui MOVIMENTOS SOCIAIS, PARTIDOS
POLÍTICOS, COLETIVOS, PESSOAS AUTÔNOMAS e claro, o próprio MPL
que era o disparador e articulador de tudo.
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Mas a empolgação logo se transformou
em frustração, quando ao invés de termos pessoas engajadas na
pauta em questão, o transporte público, o slogan: “Não é só
pelos 20 centavos, é por direitos” e a ação policial da última
semana, fez com que pessoas dos mais variados tipos, orientação e
desorientação política se juntassem a manifestação querendo ser
ouvidas, mas agindo de forma contraria ao que estava acontecendo no
movimento desde o começo. Estes novos “manifestantes”
protestavam criminalizando a ação dos assim chamados vândalos,
mostrando que o discurso midiático havia funcionado, posando em
fotos ao lado da PM, dizendo que a luta era de todos, conclamando a
não violência e a paz nas ruas. Vestindo branco ou enrolados na
bandeira do Brasil, os novos caras pintadas entoavam o hino nacional
e canções que somente torcedores da seleção brasileira cantariam
(quem gosta de futebol de verdade sabe do que eu estou falando).</div>
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A princípio isto causou náusea
naqueles que estavam construindo o movimento desde as primeiras
semanas e esta náusea criou uma avaliação equivocada e um discurso
anti-coxinha nas manifestações, juntamente com um sentimento de que
“os verdadeiros” estavam perdendo espaço para aquilo que eles
sempre lutaram contra, dentro do movimento que eles mesmo criaram.
Várias mensagens foram postadas nas redes sociais, radicalizando
contra os coxinhas e a chamada “direita” que estava dominando as
manifestações, tentando fazer com que eles se adequassem ao modelo
e pauta proposta, ao invés de desvirtuar o movimento com um ufanismo
nacionalista e um discurso político moralista.</div>
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O erro ao meu ver foram dois, e admito
ter caído neste erro analítico também.
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O primeiro foi esquecer que o cidadão
médio, aquele que não é envolvido com política, não tem cultura
política e só se preocupa com o tema em época de eleição, tende
sempre para as ideias mais a DIREITA, justamente por estas
apresentarem soluções mais imediatas e fáceis, carregadas de uma
carga moral, que não questiona em nenhum momento o establishment, ou
seja, não tira a ordem burguesa da sua ordem. Não questiona o
Estado por ser Estado, mas sim os políticos enquanto indivíduos, e
não coloca em cheque o modelo democrático vigente, mesmo não se
sentindo representado dentro dele. Os professores de história podem
afirma isto melhor do que eu, quando pensamos na instauração das
ditaduras no século passado, dos Fascismos, Nazismo, Comunismo
Soviético até chegarmos as ditaduras capitalistas na América
Latina, em todos os casos o povo as legitimou em um primeiro momento.
Desde então, uma sucessão de manifestações ocorreu e cada vez
mais os grupos se polarizaram neste sentido, a medida em que as
pessoas aderiam mais, a mídia começou a apoiar os atos (mas sem
vandalismo), e a polarização entre um lado radical de esquerda e a
turma da micareta foi ficando mais evidente.</div>
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O segundo erro foi realmente achar que
aquelas pessoas em clima de “O gigante acordou” eram realmente de
direita quando na maioria dos casos, eles nem sabiam exatamente o que
estavam fazendo, era só mais uma comemoração da Copa envolvida em
um discurso pseudo-político de quem nunca fez política na vida.
Eram pessoas normais que nem sabem a diferença entre direita e
esquerda, entre democracia e totalitarismo ou qualquer coisa do tipo.
Eram pessoas que precisam ser educadas e não rechaçadas! Mas não
entendemos desta forma e acirramos o discurso contra eles, os
coxinhas de direita.</div>
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Isto deu margem para que a direita
real, organizada e muito, mas muito bem disfarçada se infiltrasse no
movimento, capturando-o ideologicamente e sutilmente colocando suas
pautas que aparentemente são democráticas, mas cujos efeitos são
imprevisíveis. #ForaDilma #Contraacorrupção #Sempartido e por aí
vai. O cidadão médio não se pergunta: “E depois?” Mas nós
devemos nos perguntar e ajudá-los a entender.
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Fora Dilma! Mas quem colocaremos no
lugar em uma democracia, já que não vamos derrubar o Estado?
Legalmente assume o Michel Temer, o que vocês acham? A direita
organizada já começa a falar de junta militar...medo!
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Contra a corrupção! Muito bem, que
tipo de pauta política é essa? Em sã consciência quem é a favor
da corrupção? E o efeito disso é: como acabar com a corrupção? A
direita organizada já começa a falar em junta militar no governo
para higienizar a política....medo!</div>
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Perseguição aos partidos políticos e
movimentos sociais engajados na luta. Pois é, confundiram
apartidarismo com repulsa aos partidos, mas para o bem e para o mal
vivemos em uma democracia e democracia precisa de partidos políticos.
E tanto os partidos, quanto os movimentos sociais, estão nesta luta
desde o começo e por mais que eu discorde ideologicamente de muitos
deles, dentro de uma democracia, a existência deles é fundamental.
Unipartidarismo é ditadura, ou seja, mais uma vez a semente do
pensamento de direita é plantada sem que percebamos.</div>
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Hoje, dia 20 de junho de 2013, li
relatos na Internet de que haviam até neonazistas na avenida
paulista incitando o povo contra anarquistas, partidos e movimentos
de esquerda que lá estavam, e a massa com o seu comportamento de
massa, obviamente aderindo à ideia de que os partidos são o
verdadeiro câncer social que devemos eliminar.
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<b>E como a esquerda está agindo neste
contexto?</b></div>
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A esquerda, seja ela partidária ou
apartidária me parece perdida frente ao desafio de atuar ao lado das
pessoas comuns que são facilmente influenciadas dada a falta de
criticidade e de apuro político. Eu mesmo tive que conter alguns
garotos anarquistas na avenida paulista que estavam tentando queimar
a bandeira do Brasil de um casal que passeava tomando cerveja e
explicar para estes garotos que o momento agora, me parece muito mais
pedagógico do que bélico. Não devemos tentar lutar contra as
pessoas, pois elas realmente não sabem do perigo que correm sendo
manipuladas pos conservadores, nazistas e fascistas, devemos
chamá-las para conversa e explicar os nossos pontos, objetivos e
luta. Não devemos entender a bandeira do Brasil como um símbolo do
nacionalismo ufanista, mas sim tentar explicar que neste momento
precisamos abaixar as bandeiras nacionais, pois estas manifestações
nada tem a ver com o “orgulho de ser brasileiro”, é sim uma
crítica a forma como todos nós somos tratados neste país.</div>
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A esquerda precisa se organizar e se
unir, ao invés de se separar por motivos ideológicos. Criar uma
estratégia pedagógica para não deixar a direita dominar as
manifestações e desviar as pautas de reivindicação. É um momento
decisivo, antes deste movimento se esvair e todo o pensamento de
direita que pouco a pouco vem crescendo sem que as pessoas percebam,
acabe se tornado hegemônico e realmente perigoso para o país. É
hora de estar lá, não de abandonar o barco e deixá-lo naufragar
com um grito de ANAUÊ!</div>
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Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-15894256270434868442010-12-20T08:14:00.000-08:002010-12-20T09:13:59.582-08:00Dilated Peoples no Brasil? Não...Rincon Sapiência e seu "disparate".<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_d-cUtx7-H68/TQ-OgSh_-AI/AAAAAAAAAJk/e7axQtNTSgE/s1600/rincon1.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 353px; height: 235px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_d-cUtx7-H68/TQ-OgSh_-AI/AAAAAAAAAJk/e7axQtNTSgE/s320/rincon1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5552813550952511490" border="0" /></a><br />Fiquei dois dias pensando em escrever alguma coisa sobre o fabuloso show do Dilated Peoples que eu presenciei na última sexta-feira, na quadra da escola de samba Tom Maior. Não sabia ao certo sobre o que escrever, e não queria cair no senso comum, enchendo o evento de elogios, que seriam até merecidos, já que a organização foi realmente muito boa. Não queria também falar da performance dos Mc's de Los Angeles no palco, e do show a parte que é o DJ Babu, pois isso, seria chover no molhado. Então decidi escrever um texto curto, sobre um evento que ocorreu no show e que me supreendeu muito, a performance de Rincon Sapiência.<br /><br />Muito vão se perguntar, "Mas por que escrever sobre um artista que nem era o mais importante da noite, e que cantou apenas uma música no evento?"<br />A resposta é simples, porque na maioria das vezes podemos ter uma percepção mais apurada de uma ação social, quando analisamos a história menor, ou seja, aquela que aos olhos do grande público é a menos importante.<br /><br />Durante as apresentações iniciais que antecederam a grande atração da noite, alguns Mc's subiram ao palco e mostraram tudo aquilo que o público queria ver, Rap de verdade, com mais ou menos swing, mas ainda assim Rap. Tudo era extremamente Rap, as roupas, as rimas, as posturas no palco, eram todos se apresentando dentro de uma mesma linguagem, fazendo aquilo que o público presente aguardava, como um aperitivo para o prato principal. Eis que um sujeito vestindo calça skinny amarela e camisa cor de laranja, surge no palco ao som de um batidão, ao melhor estilo funk carioca. Estéticamente, poderíamos descrever como uma mistura de Mr. Catra com a banda Restart, muito diferente de tudo aquilo que estava acontecendo naquele local. E assim prosseguiu a apresentação de mais ou menos 4 minutos, Rincon Sapiência cantou funk carioca, usou batida inspirada no miami bass, mas com letras que fugiam totalmente da temática funk carioca que estamos acostumados, nada de popozuda, tchutchuca, ou coisas do tipo, era a mensagem e as idéias típicas do Hip Hop, inseridas numa outra linguagem periférica, o funk, e se apropriando de um visual extremamente pop. Uma loucura!<br /><br /><br />É óbvio que uma exposição dessas não deixaria seu autor impune. Mesmo que aparentemente a grande maioria das pessoas no evento, pareceram não se importar muito com o que acontecia, uma minoria significativa, se manifestou em relação ao fato, através de vaias e gritos hostis contra Rincon. Alguns diziam: "Que merda é essa?", "Canta Rap nessa porra filho da puta!", "Tá pensando que tá no Rio!", entre outras coisas. A pergunta que me veio à cabeça na hora foi, como um movimento que propõe uma revolução ou reforma social e pessoal, que se autoproclama a voz dos injustiçados, pode ter uma postura tão agressiva em relação aos seus pares e pior do que isso, tão conservadora? Não que eu ache que um movimento descentralizado como o Hip Hop, seja composto de forma homogênea, não é isso. Mas eu queria acreditar que com 30 anos de história, e de produções artísticas em diversos campos da cultura, algumas pessoas envolvidas com o Hip Hop já tinham aprendido que as coisas só mudam, evoluem e se transformam, se pudermos experimentar dentro do nosso campo de ação. Imaginem se Caetano Veloso e os tropicalistas não tivessem experimentado intencionalmente a guitarra elétrica no fim dos anos 60 para revolucionar a MPB. Ou se Ornette Coleman, John Coltrane, Sun Ra entre outros, não tivessem experimentado a liberdade musical e a improvisação dentro do Jazz. E se o Kraftwerk não tivesse experimentado fazer música só com sintetizadores e dispositivos eletrônicos, o que aconteceria?<br /><br />As manifestações culturais precisam de experimentação, precisam de gente que enfrente alguns tabús e idéias já consolidadas, para que elas possam ter algum significado real, para que elas possam realmente ter algo de interessante e provocador, para nos fazer pensar um pouco. O artista Rincon Sapiência, não fez nada além de incorporar outros elementos já conhecidos, e até mesmo próximos ao Hip Hop, não foi nada demais, mas já foi o suficiente para acender a chama conservadora dos ditos "reais" do movimento. Cultura sem troca de informações, influências e misturas, é cultura morta, não serve para nada, e fica restrita ao gueto ideológico. Espero que daqui para frente, mais artistas de Rap sintam-se livres para experimentar outras concepções estéticas, misturar, e virar tudo de ponta cabeça, para que o Rap seja realmente o que ele sempre prometeu ser, uma ameaça para o status quo.Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-5778368207435814742010-07-21T23:40:00.000-07:002010-07-21T23:49:02.237-07:00Documento<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TEfpGECPW1I/AAAAAAAAAiM/HXWYuv9O7vE/s1600/IMG_3054.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TEfpGECPW1I/AAAAAAAAAiM/HXWYuv9O7vE/s400/IMG_3054.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5496618160600603474" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Naquela manhã de domingo, ele sabia. Era o fim. Isabela veio buscar a penteadeira branca, feita a mão pelo bisavô e que foi dada de presente para a esposa. Era a pedra sobre o caixão. Ele gostava da mesa. Sentava ali para ouvir discos, escrever bobagens, trabalhar, ver a janela. Caio, o atual namorado, veio junto. Trouxe o carro do pai, maior para poder levar o móvel.</div><div style="text-align: justify;">A xícara de café frio estava em cima da mesa. </div><div style="text-align: justify;">A interfone tocou, ele apagou o cigarro na pia da cozinha e atendeu. Ouviu passos no corredor então o barulho da campainha.</div><div style="text-align: justify;">“Ele não vai conseguir levar a mesa sozinho” - pensou em voz alta, enquanto destrancava e abria a porta.</div><div style="text-align: justify;">O beijo no rosto. Os sorrisos. Palavras vagas.</div><div style="text-align: justify;">Ela ainda usava o mesmo perfume. Ele achou aquilo estranho: fazia tempo, mas a casa seria sempre um pouco dela. Caio apertou-lhe a mão e disse: </div><div style="text-align: justify;">“Me dá uma mão? Ela parece...”</div><div style="text-align: justify;">“Pesada”, ele já se adiantou. “Sim, claro”.</div><div style="text-align: justify;">Para evitar meia cerimômia, a mesa já estava na sala e não mais no quarto onde ficou por anos. Era pesada, de madeira maciça, toda pintada de branco. Ele largou o óculos na estante cheia de livros e juntou-se a Caio na tarefa hercúlea de descer dois lances de escada. Isabela em silêncio, se precipitou em reabrir a porta recém fechada. </div><div style="text-align: justify;">Nos primeiros passos, Caio percebeu que a tarefa seria mais difícil do que prevera.</div><div style="text-align: justify;">“A gente não pode tentar... “, Caio lançou a cartada.</div><div style="text-align: justify;">“O elevador? Nem pensar. É difícil levar até a cadeira lá de tão pequeno”.</div><div style="text-align: justify;">E assim foi feito: cada um segurando em um dos lados da mesa, esgueirando-se pelo corredor escuro em direção à escada em forma de caracol. </div><div style="text-align: justify;">Entre um degrau e outro, Caio iniciou tentou, mais uma vez, uma conversa:</div><div style="text-align: justify;">“Não nos vemos desde..”</div><div style="text-align: justify;">“O jantar na sua casa. Eu lembro que tinha dito a Isabela que tinha gostado de você” na mesma hora, perguntou a si mesmo porque havia dito aquilo.</div><div style="text-align: justify;">“Aquele foi um bom dia” disse Caio, tentando arrumar o óculos que lhe escorregava pelo nariz.</div><div style="text-align: justify;">Ele levantou a cabeça e parou. Sabia bem o porque desse comentário; naquele dia caio reencontrou Isabela. Não se viam a tempos. Os comentários, as conversas. Aquilo sempre fez sentido. Entre um pensamento e outro, gritou:</div><div style="text-align: justify;">“Cuidado, a porta!”</div><div style="text-align: justify;">Caio parou. Com cuidado, colocou a mesa no chão. Se virou, abriu a grande porta de vidro, e a escorou com o peso. Passaram por ali com cuidado e seguiram, devagar, em direção ao carro, que estava estacionado quase junto ao portão de ferro cinza.</div><div style="text-align: justify;">“Precisa de ajuda?” Ele disse, já quase se virando e pegando um cigarro.</div><div style="text-align: justify;">“Não precisa, Isabella me ajuda a colocá-la dentro do carro” disse Caio, sem olhar no rosto dele, enquanto abria a porta do carro.</div><div style="text-align: justify;">Eles se deram um aperto um aperto de mão e se olharam fixamente por alguns segundos. Caio então meteu a mão nos bolsos procurando e parecia caçando o celular. Atendeu virou-se e começou a caminhar.</div><div style="text-align: justify;">Ele ficou ali por um minuto talvez. Tragou o cigarro. Sentiu o sabor amargo na garganta. Lembrou-se que precisava almoçar. Respirou fundo. De repente lembrou-se: </div><div style="text-align: justify;">“A cadeira! Falta a cadeira!”</div><div style="text-align: justify;">Correu. Atravessou a porta de vidro e subiu os dois lances de escada como um raio. Chegou. Abriu a porta.</div><div style="text-align: justify;">“Isabela?”</div><div style="text-align: justify;">Ela já tinha ido. Colocou mais comida e água para o gato. Na estante, ele logo notou: lá estavam os dois livros do Dostoievski. Ela tinha tirado o primeiro volume de O Arquipélago.</div><div style="text-align: justify;">E levou a cadeira.</div><div style="text-align: justify;"><b><br /></b></div><div style="text-align: justify;"><b>Clique meu, do expurgo.</b></div>Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-57083408462383302992010-07-20T11:13:00.000-07:002010-07-20T11:14:21.547-07:00Few minutes ago via web<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://1.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TEU9nQG8yJI/AAAAAAAAAiE/6HWZXFr3ED4/s1600/tirinha1424.jpeg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 127px;" src="http://1.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TEU9nQG8yJI/AAAAAAAAAiE/6HWZXFr3ED4/s400/tirinha1424.jpeg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5495866664823867538" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Todo dia é igual. Ao abrir meu Twitter, vejo uma torrente de segredos, confissões e delações na minha time-line. Todos os dias, a cada update.</div><div style="text-align: justify;">É estranho: no princípio eu admirei o Twitter como ferramenta. “Seguir” as pessoas e coisas certas mudava a maneira como lidava com a informação. A capacidade de dispersão de produção de conteúdo me pareceu o futuro da comunicação e da promoção de idéias. A busca de informação não era mais realizada por mim, de maneira indireta, filtrando previamente minhas preferências, automaticamente era criado um banco de dados atualizado das coisas que gosto, a todo momento.</div><div style="text-align: justify;">Mas isso foi no princípio. Houve uma migração massiva de usuários do orkut para o twitter (o tal do usuário médio) e foi então que minha time-line mudou drasticamente. Cada dia que passava, eu sabia mais dos pequenos segredos e das pequenas perversões daqueles que seguia: brigas com o namorado, confissões de desejos, frustrações amorosas, relações pessoais de trabalho. Tudo. De um momento para o outro, não havia mais segredos. </div><div style="text-align: justify;">Sim, minha reação imediata foi não seguir mais as pessoas que “poluíam” meu Twitter. Porém, o que me assustou foi o fato de que este não movimento não era um caso isolado, pelo contrário: é assim que grande parte dos usuários pessoas utilizam a internet e as redes sociais. </div><div style="text-align: justify;">Este é um fenômeno social.</div><div style="text-align: justify;">As pessoas não conseguem mais pensar, sentir ou ouvir qualquer cosia sem espalhar para os sete ventos o “que está acontecendo agora”. Demissões foram causadas por tuites mal vistos. Namoros terminam devido a exposições não planejadas. Traições são descobertas. Amizades são rompidas.</div><div style="text-align: justify;">Não sou um conservador: acredito que dividir gostos, preferências, idéias e sentimentos seja algo de positivo. Uma mágica realizada pela internet e pela conexão entre as pessoas. Porém, me assusta o uso que fazemos da ferramenta, e a maneira como estamos lidando com nossa privacidade. </div><div style="text-align: justify;">Cada vez mais, o que é público e o que é privado torna-se indiscernível, e qualquer possibilidade de resguardo de intimidade passa a ser visto como uma falta. É interessante notar o fato de que o brasileiro é o povo com maior adesão às redes sociais. Justo nós, que desde em nossa origem histórico-social, temos um lapso na relação coisa-pública/ coisa privada. </div><div style="text-align: justify;">Vejo aqui um pequeno sintoma de nossa sociedade contemporânea. A massa hoje não é mais amorfa: ela possui um avatar, um log-in, uma senha, um twitter, um orkut, um facebook. A identidade está ao alcance de alguns cliques. Porém, esta identidade construída virtualmente, devido a sua fragilidade, deve ser sempre reafirmada, devassada, violentada. Criamos uma identidade inventada, vivemos a auto-afirmação do querer ser. Como pequenos deuses, criamos a nós mesmos, mas de acordo com nossos desejos e intenções, não mais a nossa semelhança. Nós mesmos nos tornamos produto.</div><div style="text-align: justify;">No mundo onde a depressão e a solidão são moedas de troca, as redes sociais se tornaram grandes divãs públicos: hoje, todos estamos ao mesmo tempo, deitados falando e ouvindo. </div><div style="text-align: justify;">Me pergunto se em nome do ego, não estamos, a cada tuitada, matando nosso super-ego.<br /><br /></div>Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-6277921980746955402010-05-31T21:31:00.000-07:002010-05-31T21:56:57.337-07:00Um detalhe<a href="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TASOEXrirqI/AAAAAAAAAh0/m1VuKVKOeaI/s1600/IMG_3146.JPG" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5477659252516630178" src="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/TASOEXrirqI/AAAAAAAAAh0/m1VuKVKOeaI/s320/IMG_3146.JPG" style="cursor: hand; cursor: pointer; display: block; height: 240px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;">O quarto era pequeno, mas tinha uma janela grande que dava para a avenida. O tempo era aquele cinza bonito, típico de como fica São Paulo no outono. De pé, encostada no parapeito, Paula olhava o dia de chuva que se desenrolava em câmera lenta. No reflexo da janela, lembrou-se da menina que corria nas ruas do Brás quando criança, lembrou-se da padaria da esquina onde comprava doces. Lembrou-se do sorveteiro. Sentiu o gosto de algodão-doce e o cheiro de cigarros e perfume barato que exalavam da roupa do avô. Viu, naquela imagem de sonho, entrar pela porta um pai que nunca vira antes, carregando uma mala grande e lhe dizendo, aos gritos, que precisvam ir embora. Sentiu a mais que presente ausência da mãe, de quem só sabia o nome. Memórias e lembranças.</div><div style="text-align: justify;">Uma lágrima escorreu no seu rosto no rosto. Paula limpou-a com a manga da blusa velha que usava para dormir. Respirou fundo e tomou um gole da xícara de café. Como todas as manhãs. Ainda era bem cedo, e a cidade acordava.</div><div style="text-align: justify;">O gaveteiro era branco e cheio de ranhuras. Tinha um pequeno puxador dourado, com detalhes em madeira. Ficava encostado num canto da parede, ao lado da cama de solteiro. Dentro, Paula guardava um pequeno caderno preto. Escrevia o que lhe desse na telha, mas tinha o costume de não ler o que rabiscava ali. Podia chamar aquele caderno de diário, mas na verdade, Paula não dava tanta importância ao que escrevia. Achava cliché ter um diário, achava cliché colocar sues fantasmas no papel. Nunca quis ser escritora, nunca teve pretensões artísticas. Mas escrevia. Naquela dia, pegou o lápis preto e desenhou com letra cursiva as primeiras frases que lhe surgiram na cabeça. Mecanicamente encadeou, como sempre, palavras sem sintaxe. Números e letras. Um pequeno código pessoal aleatório.</div><div style="text-align: justify;">Outra xícara de café preto. Seguida de mais uma. Olhou para o relógio. Sete horas.</div><div style="text-align: justify;">“Preciso sair, vou me atrasar” - pensou, enquanto se levantava. Colocou o bule no fogão. Lembrou dos livros que precisva pegar: Tolstoi, Dostoievski e Puchkin. “Literatura Russa, sala B, quarto andar”. As chaves. O cotidiano reconhecível e repetitivo.</div><div style="text-align: justify;">Trancou a porta e colocou a chave no vazo. Sim, ele iria para lá esta noite. Estariam juntos. Fariam amor. A mente de Paula se projetou doze horas a frente. Celso traria pizza e uma garrafa de vinho. Iriam ver televisão deitados na cama. Sentiriam um o corpo do outro no cobertor quente. Um beijo na testa de boa noite. Paula desceu as escadas e correu pelo corredor. Abriu a porta pesada que dava pra rua e viu o letreiro amarelo do ônibus de linha.</div><div style="text-align: justify;">Celso pegou o trem em direção ao centro. Já era tarde, quase noite. Desceu na Estação da Luz e ouviu o sino bater sete vezes. Era só pegar o metro. Paula queria pizza, mas só trazia o vinho. “Vou ter que passar na padaria”, pensou, de pé, apertado entre os passageiros. Lembrou-se, de repente, de como conheceu Paula, naquele café da Pinacoteca. Ela tirava foto das putas que frequentavam o Parque da Luz para um trabalho da faculdade. Celso achou engraçado a cena: menina ruiva e de olhos pretos tentando esconder a câmera entra a bolsa e a blusa. Claro, todas as putas sabiam que estavam sendo fotografadas. Faziam até pose, enquanto Paula buscava o melhor ângulo. Rindo para si mesmo, Celso abordou-a para ajudá-la. Paula agradeceu. Primeiro fez-se de desentendida, depois aceitou o convite para o café. Já se passaram 6 meses.</div><div style="text-align: justify;">Celso passou na padaria, comprou pães recheados. Já tinha o vinho, faltavam apenas alguns frios. Pagou a conta, atravessou a rua e abriu a porta. A escada era escura, mas eram só dois lances. Teteou os bolsos.</div><div style="text-align: justify;">Merda! As chaves! - disse em voz alta.</div><div style="text-align: justify;">Imaginou que tivesse as esquecido. No mesmo instante, lembrou-se: estavam no vazo. Agachou meio sem jeito e encontrou o molho. Lentamente, abriu a porta do apartamento. Nunca soube se comportar numa casa que não fosse a sua. Olhou em volta e sabia: as coisas estavam exatamente como Paula havia deixado pela manhã. A xícara, o bule, a janela.</div><div style="text-align: justify;">E o caderno preto.</div><div style="text-align: justify;">Paula o havia deixado o caderno em cima da mesa. Esqueceu-se dele ali e durante o dia todo. Em nenhum momento, se lembrou dele. Celso viu a capa de couro e as páginas amareladas. Um lápis marcava a última página escrita. Não se conteve. Fechou a porta, sentou-se na mesa e começou a ler.</div><div style="text-align: justify;">Vinte minutos depois, Paula abriu a porta sem cerimonia. Celso olhou-a no olho, com o caderno em uma mão, disse:</div><div style="text-align: justify;">- “O que é isso?”</div><div style="text-align: justify;">- “É um caderno. Porque?”</div><div style="text-align: justify;">- “Por nada, por que nunca...” - ele disse, sem muita certeza.</div><div style="text-align: justify;">- “Porque é meu. E não achei que lhe fosse interessar”. Paula colocou a bolsa sobre a mesa.</div><div style="text-align: justify;">Celso abaixou a cabeça e começou a chorar.</div><div style="text-align: justify;">-”Celso?!” - Paula disse num misto de indignação e ternura.</div><div style="text-align: justify;">-“Mas por quê? Por quê, Paula!?”</div><div style="text-align: justify;">-“Porque o quê?” disse Paula, se aproximando de Celso, olhando-o nos olhos e colocando uma mão no seu rosto.</div><div style="text-align: justify;">Celso ficou em silêncio. Longos 15 segundos se passaram. Levantou a cabeça e com voz embargada, disse:</div><div style="text-align: justify;">-”Quando vi esse caderno em cima de mesa, vim devassar sua vida: procurar algo que não sabia o que era. Queria um segredo. Depois de correr os olhos por todas estas páginas, chorei não pelo que encontrei, mas sim pelo que não achei. E isso me doeu mais que tudo”.</div><div style="text-align: justify;">Paula o olhou nos olhos, e nada mais precisva ser dito: de todas as palavras que ali encadeou, nunca havia escrito nem o seu nome, nem o de Celso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><b>Clique sem juízo: Thiago Zati</b></div>Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-56331387790449584022010-05-03T18:47:00.000-07:002010-05-03T18:49:14.690-07:00Triste NotaNunca postei aqui...mas isto se faz necessário neste momento...<div><br /></div><div>Deixo um abraço à minha família em memória de Lin Mesquita, meu primo que se foi no início deste dia.<div>Esteja onde estiver...sua vida se faz presente em nossa memória. </div><div>Um forte abraço primo...</div><div><br /></div><div>Alessandro França Soares</div></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-80197179619707141622010-04-29T15:51:00.001-07:002010-04-29T16:52:01.088-07:00A politicagem no Twitter: aparência ou transparência?<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://mesquita.blog.br/wp-content/imagescaler/7fa30ee97001c00bc4616bfee978cb5d.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 409px; height: 290px;" src="http://mesquita.blog.br/wp-content/imagescaler/7fa30ee97001c00bc4616bfee978cb5d.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;">Já não é mais novidade para ninguém a importância da internet como ferramenta de articulação política. Dos blogs ao Twitter, de jornalistas à políticos, todos estão de alguma forma ligados na internet e suas redes sociais. Em 2007 participei de uma pesquisa em grupo, que tentou mapear e entender o uso das novas tecnologias na ação política e em 2008 fiz uma pesquisa individual para tentar entender se a internet poderia ser uma possibilidade para a revitalização da esfera pública e consequentemente o aumento da participação política (mais detalhes entre em contato comigo). Todas essas pesquisas me levaram a reflexões interessantes sobre o uso da internet, e quando o Twitter me foi apresentado em meados de 2009, a princípio não vi a ferramenta com bons olhos, pois me parecia muito mais uma vitrine para auto-promoção do que uma ferramenta informativa de interação (Como os blogs costumavam ser). Com o passar do tempo, e o uso constante, descobri que o Twitter é tanto uma coisa, quanto outra, pois é uma ferramenta e cada um a usa como quer. Mas o que mais me espantou foi o fato de muitos políticos aderirem a ferramenta, e deste modo, ficarem cara a cara com seus eleitores, o que pode ser muito perigoso para a maioria deles. Sendo as redes sociais ferramentas de interação, estes políticos ficariam expostos a uma enxurrada de perguntas e críticas, e em alguns casos teriam que prestar contas a população. Mas conforme fui analisando a forma como estes políticos usam o Twitter, percebi que havia um problema, o princípio da interação foi deixado de lado e só a auto-promoção era o objetivo.<br />Quando pensamos em redes sociais a primeira idéia que temos é de proximidade, de achar ou sentir que há uma proximidade entre locutor e interlocutor, isso dá uma certa sensação de segurança e confiabilidade, é o que todo eleitor busca em sua relação com o seu representante. Mas na prática a coisa funciona diferente, pois a confiabilidade que surge através da transparência em relação as idéias, propostas e um possível debate com este político não existe. O que existe é aparência, é a sensação de que isso é possível, quando na realidade não é pois, eles vão contra este princípio básico das redes sociais, que é a interação. Fiz algumas perguntas, questionei algumas coisas, para alguns de nossos representantes e para minha surpresa, nunca obtive resposta. Eles transportam para o Twitter, a velha lógica paternal do "Eu falo e você escuta". Não há diálogo, sendo assim, não há proximidade e nem confiança, o Twitter se transformou em um "santinho" virtual que pode ser atualizado 24 horas por dia.<br />Faça o teste, entre no site <a href="http://www.politweets.com.br/home">Politweets</a>, que tem uma lista de todos os políticos que estão na rede, siga alguns deles e tente dialogar. Já que eles estão numa rede social, vamos tentar fazer com eles entendam que as regras são claras e que sem interação, a participação deles nestas redes é totalmente dispensável.<br /><br /><span style="font-style: italic;">Cartoon retirado do blog: http://mesquita.blog.br/</span><br /></div>Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-31892530014395729822010-04-26T22:38:00.000-07:002010-05-31T21:41:57.629-07:00Macacos, Macacos! Uma nova Apes.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_zZx0xbs4RvU/S9Z4NMKuIcI/AAAAAAAAABs/pV2glKvouxY/s1600/BushMonkey2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="229" src="http://3.bp.blogspot.com/_zZx0xbs4RvU/S9Z4NMKuIcI/AAAAAAAAABs/pV2glKvouxY/s320/BushMonkey2.jpg" width="320" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como tudo precisa ser mudado e reformulado, o blog da Revista Apes apresenta seu novo layout.</div><div style="text-align: justify;">Essa mudança é também uma mudança de espírito: acreditamos que temos um bom time, acreditamos que temos o que dizer, e acima de tudo, achamos que podemos produzir um conteúdo mais provocativo, mais ácido e mais interessante do que estamos acostumados (e cansados) de ver por aí. </div><div style="text-align: justify;">A revista também mudou. Depois de muitas discussões (e um ou dois dentes quebrados) vamos abrir espaço para ilustradores e artistas gráficos que queiram participar do número um. Queremos que a revista disponível para download tone-se uma referência da arte outsider produzida por estas bandas.</div><div style="text-align: justify;">Teremos um tema central, e cada edição privilegiará a criação de um escritor escolhido previamente para a edição.</div><div style="text-align: justify;">Lembramos que a iniciativa é totalmente “do-it-yourself”, sem fins lucrativos no sentido de que buscamos divulgar o trabalho daqueles que já estão no rolê ou estão chegando agora. Dito isso, o tema da próxima edição é “Cidade”, buscando refletir sobre a vida na urbe caótica do século XXI. Dúvidas e sugestões pelo email revistaapes@gmail.com ou via nosso twitter @revistaapes.</div><div style="text-align: justify;">O programa Andaime, nosso (vulgar e chucro) podcast também passa por algumas mudanças. Teremos especiais eventuais sobre temas fechados, como o especial Japão que entra no ar em breve. Nos novos episódios teremos sempre a participação especial de pessoas que criam e desenvolvem atividades (que nós consideramos) interessantes. Tudo isso intercalado de músicas colhidas do material que nós é enviado, ou “a base de nosso mais-que-conhecido bom gosto pessoal”.</div><div style="text-align: justify;">É só por isso que temos polegares opositores.</div>APES!http://www.blogger.com/profile/14771183792447908977noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-13780325841932806772010-04-22T16:18:00.000-07:002010-04-26T21:56:39.074-07:00"Amigas pero no mucho" ou falando um pouco sobre teatro...<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: left;"><br />
<div style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S9DlZjlqSgI/AAAAAAAAAMc/cj6xrYJD4JY/s1600/amigas.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463118575213103618" src="http://3.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S9DlZjlqSgI/AAAAAAAAAMc/cj6xrYJD4JY/s320/amigas.jpg" style="display: block; height: 213px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: left; width: 320px;" /></a></div><div style="text-align: left;"></div><br />
Só para adiantar o expediente, não sou nenhum perito. Já assisti uma meia dúzia de montagens de clássicos com atores anônimos, umas realmente muito boas. Outras que vi, foram com globais, o que confesso foi uma lástima. Pelo exagero da montagem, e pelo "público tv" que vai lá como fã para ver o ídolo e não assistir uma dinâmica diferente de se contar uma história. Mas aí é aquilo né, o povo é educado, os jovens ouvem funk no celular pendurado no pescoço. ..</div><div style="text-align: left;">Teatro é um lance meio louco, entre apreciadores, público e habitués tem uma coisa meio estudante da ECA, meio Artes do Corpo da PUC. Que (SALVO UM DESCOMUNAL PRECONCEITO MEU) todo mundo é mutcho loco, super desinibido, prafrentex, descolado, cool e no fim das contas chato pra caralho. Gente que usa echarpe, sandália, macacão de frentista de posto de gasolina. Recomendo um rolezinho básico pela Roosevelt em noites de apresentação para confirmação.</div><div style="text-align: left;">Além disso, existe o nicho dos "conceituais"....uns filhos bizarros e incestuosos do Zé Celso, uma coisa de ficar rolando no chão, insinuando uma sexualidade exagerada, de sentar no seu colo e oras bolas, interação o caralho, eu pago para assistir, fosse para participar tinha escolhido outra profissão. Ainda que se fale muito de orgia e por mais atrativo que possa parecer, sempre beira a falta de higiene. Nessas me vi numa apresentação baseada num texto de Antonin Artaud...A unica coisa que posso dizer é que foi pura porralouquice. Não que eu seja tremendamente reaça,, beleza, nem toda arte é para se entender. Mas as pessoas confundem retardo mental, texto qualquer nota, interpretação torta, com genialidade que convenhamos é para poucos. Pior que fui verde, não conhecia o homem (o Antonin) depois me foi passado um livro sobre o cidadão, para ver se o macaco aqui conseguia decodificar a mensagem. Lamento. Depois de ler e ver que tem umas ligações com fezes, drogas, hospício, arreguei, prefiro continuar um neanderthal-acadêmico mesmo.</div><div style="text-align: left;">Isso dito, dia desses recebi o convite para assistir "Amigas pero no Mucho" no Teatro do Shopping Frei Caneca. Os convites vieram numa promoção muito legal, de um grupo de telefonia (jabá o caralho!!) que apoiando a peça, manda os convites a pessoas cadastradas grátis. Chegando lá, pego os convites, o teatro super legal, abri o programa e vi que a peça contava a história de 4 mulheres e que foi escrita por uma mulher. A trama conta uma tarde, na vida das personagens que são interpretadas por quatro caras. Parei. Pensei. Vai ser uma merda.</div>Toca a campainha, baixa a luz, abre a cortina. Um pianista no canto solta uns teminhas e fará isso até o fim da peça, até mesmo tendo uma interação interessante. Entram os 4 caras. Sem afetação, vestidos de preto, "machos" acima de qualquer suspeita se descontarmos o salto alto. Não sei se falei, mas a peça é uma comédia. Apresentações feitas, cada um pega sua peruca, as roupas tem umas trucagens muito simples que "transformam" as roupas em trajes femininos.<br />
<div style="text-align: left;">Confesso, começou devagar. Ri com minha companhia, numas de não fazer desfeita, mas não é que a peça engrenou? Fui sacando uma sutileza de história meio incômoda. De rir de coisas sérias, não por cinismo, mas por perceber que tudo é muito introjetado socialmente a ponto de sendo sérias parecem ser bestas. A trama trata e fala dos dilemas da mulher de nossos tempos, de sua feminilidade, de maternidade, de envelhecimento, de carência, afeto, amor, sexo, de profissão e relações de trabalho com um deboche ferino. E os caras, mandam bem, caricaturas á parte, cumprem o papel e fazem o que bons atores fazem: te iludem. E fazem tão bem a ponto de rolar uns improvisos bem divertidos (nada a ver com improvisos sem graça que estão na moda).</div><div style="text-align: left;">Dado momento me pego pensando se as quatro mulheres são uma o reflexo da outra em momentos diferentes pois as personagens tem 30, 40 e 50 anos. Mas, isso é piração minha (ou não). Ao que parece a peça fica em cartaz mais alguns dias. Procure saber a operadora de telefonia que tem a promoção (pois eu nao vou dizer) e vá de grátis. Se quiser conferir você poderá ver que das duas uma, ou sou chato pra cacete, ou a peça realmente tem algo dizer.</div></div>Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-26063819564333963092010-04-17T12:05:00.000-07:002010-04-26T21:51:10.366-07:00Chuva na cidade<a href="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S8oG1iBZfbI/AAAAAAAAAMM/jwGX1N8yzS0/s1600/A0461.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5461185014875651506" src="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S8oG1iBZfbI/AAAAAAAAAMM/jwGX1N8yzS0/s320/A0461.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 210px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 320px;" /></a><br />
<div align="justify"><div style="text-align: left;">Um trovão barulhento grunhiu no horizonte. Ele cobriu os ouvidos quando o relâmpago correu dando o aviso. A chuva o encharcava, os ventos eram como espíritos que não pedem licença e empurram corpos que não lhe apetecem possuir. Ele via o céu negro e pesado, com cores em tons chumbo. A calçada era sua e da água que lhe invadia os sapatos.</div><div style="text-align: left;">Um roedor morto servia de dique numa sargeta, empurrava o fluxo da água para o asfalto. Estava com a barriga inchada, cheio de vermes que pululavam em vida, comendo sua morte. Ele sentiu-se um pouco assim, como que inchado por dentro, deduzindo que tinha os intestinos cheios de rancores. Suas pernas doíam, a cabeça rodava, vendo as feições secas, os espíritos ralos que se escondem nas carcaças dos homens e em seus guarda chuvas que passam.</div><div style="text-align: left;">Sentou-se numa praça. Olhou um enorme monumento em bronze ser consumido do alto de seu olhar pedante e imutável, por resíduos de poluição que escorriam também para dentro dos pulmões Dele. Cansado. Encharcado. Corpo trêmulo de baixa temperatura. O mundo se comprimia em uma percepção reduzida a sua volta. Ele era uma bolha minúscula na praça, um cenário ordinário. Esticou as pernas, jogou a cabeça para trás, sentiu filetes líquidos entrando pelo nariz, pelos ouvidos, encharcando a barba. Uma de suas mãos segurava um papel e uma foto dentro do bolso. Seus dentes rangiam de frio, e de lembranças.</div><div style="text-align: left;">Uma viatura passa aos berros. É seguida por uma ambulância que quer superar o alarido e a velocidade. As sirenes são o cutucão que acordaria o bêbado que dorme no lugar indevido. Ele abre os olhos, se põe a andar. Na outra ponta da praça, uma Igreja Batista segue com seus cantos, um coral que inveja os anjos acima das nuvens, se lamuria lindamente em ladainhas de mil anos. Ele se coloca de frente para a porta. Um jovem negro, de camisa e gravata o convida para entrar. Ele balança a cabeça e sem expressar uma palavra, diz com os olhos que estava bem ali. Os hinários tem capas de letras douradas, e as vozes exprimem doçura, até neste que não vê Deus em criação alguma.</div><div style="text-align: left;">Antes que o pastor traga o sermão ele já está distante duas quadras. Os olhos ardem, em lágrimas, e na água suja do céu. Ele se depara com uma vitrine. Vê a si próprio no reflexo da vitrine. Pergunta a si mesmo. Inquire o reflexo que só faz repetir. Insatisfeito abre a mão espalmada e toca seu outro igual de vidro. A foto e o pedaço de papel viraram uma papa disforme. Ajoelha-se chora e a chuva começa afinar. Quando a respiração e o espírito se acalmam ergue-se. Anda, como se o tempo tivesse peso. Arrasta-se. Em frente ao prédio de apartamentos que ocupa, olha sua janela. Tira a gosma que foi papel e foto e são uma única massa agora. Joga num bueiro. Tira a chave do outro bolso, entra no prédio, sobe as escadas. Correspondências lhe aguardam amontoadas na porta, ele as empurra para dentro tão logo gira a chave. Ao entrar, o aconchego de seu mundo não nega o acolhimento. Fica nu na sala, para afundar logo depois na banheira quente no banho. O corpo relaxa. Depois com lamina e espuma permite a si mesmo aparecer, faz seu rosto a tempos escondido na barba vir ao mundo, mostrar quem é sem a mascara que carregou por tempo.</div><div style="text-align: left;">Do fundo do guarda roupa tira uma caixa. Desce as escadas. Numa pilha de lixo próxima de onde jogou a gosma de seu passado, abandona a caixa como que para alguém se afeiçoar e levar suas lembranças consigo. O céu esta limpo pois a chuva parou. Uma brisa leve o saúda. Amanhã é segunda e tudo começará de novo.</div></div>Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-59838604846293663402010-04-14T08:34:00.000-07:002010-04-26T21:51:56.500-07:00Breve reflexão a respeito das pulseiras do sexo.<a href="http://debqperi2009.files.wordpress.com/2009/12/pulseiras-11.jpg" onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}"><img alt="" border="0" src="http://debqperi2009.files.wordpress.com/2009/12/pulseiras-11.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 237px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 316px;" /></a><br />
<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: left;">Adolescentes estão sempre surgindo com modas novas como uma forma de construir sua identidade e se encaixar em determinados grupos. Algumas destas modas surgem como coisas específicas para grupos específicos, mas vez ou outra, surgem coisas que podemos observar em quase todos eles, e atualmente as pulseiras coloridas ou pulseiras do sexo podem ser vistas nos pulsos de 8 em cada 10 adolescentes de 13 à 18 anos.</div><div style="text-align: left;">A polêmica criada em torno destas pulseiras, tem a ver com a descoberta, tardia diga-se de passagem, do significado de cada uma delas. Cada cor está relacionada com uma prática sexual, que vão do simples abraço ou beijo no rosto, ao sexo oral e outras coisas mais.</div><div style="text-align: left;">Assim que o significado das pulseiras se tornou público, não demorou muito para a mídia tradicional, a mídia de internet, os pais assustados e as escolas preocupadas, começarem a execrar as tais pulserinhas. Casos de estupro e moléstia sexual começaram a ocorrer, tudo vem sendo atribuído as pulseiras, e o último destes casos foi uma menina de 13 anos que foi estuprada no Paraná por 4 rapazes, inclusive um maior de idade. A partir daí as pulseiras começaram a ser proibidas em muitas escolas e baladas "teen".</div><div style="text-align: left;">O que me surpreende nesta história toda é o fato de atribuirem as pulseiras, a conduta sexual precoce dos adolescentes. Será mesmo que meninas de 12, 13 anos engravidando tem a ver com o uso de pulserinhas? Será que o estupro de pré-adolescentes tem a ver com o uso de pulserinhas? Ou será que a sexualização exacerbada da nossa sociedade é responsável por isso?</div><div style="text-align: left;">Não quero fazer um discurso conservador do tipo pró-celibato, que também vem se tornando comum entre alguns jovens. Acho apenas que devemos refletir a respeito do quanto nós adultos, somos responsáveis por essa sexualização exacerbada e o quanto a mídia, principalmente a televisiva, que adora criar bruxas novas para serem caçadas todos os dias, também tem uma enorme parcela de culpa nisso. Se os adolescentes começam a descobrir a sexualidade cada vez mais cedo, é porque o ambiente em que eles vivem é extremamente sexualizado. Nossa sociedade é sexualizada, a publicidade nos bombardeia com sexo, assim como a TV, as revistas, a música, etc. Estupradores são estupradores, não precisam interpretar signos para cometer o ato, mas devemos levar em consideração que na sociedade em que vivemos, as práticas violentas contra as mulheres ainda são extremamente aceitáveis, mesmo com a Lei Maria da Penha, ou garotos de 17, 18 anos que agarram e beijam garotas a força em muitas micaretas que acontecem por ai, também não estão cometendo crime sexual?</div><div style="text-align: left;">Então antes de começar a caçar as falsas bruxas materializadas em simples acessórios coloridos, devemos refletir a respeito de como estamos introduzindo o sexo na vida dos jovens. Quem são as referências que eles tem e como se relacionam com o sexo. Ou acabaremos caindo na armadilha bizarra do discurso celibatário, reforçado por artistas bizarros como os "Jonas Brothers", ou na também bizarra precocidade sexual das crianças. Nem uma coisa, nem outra, o sexo, importante como é, deve ser tratado de forma responsável e de preferência com clareza, para que a vida sexual desses jovens não seja marcada por traumas.</div></div>Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-75633181603677423862010-04-08T17:51:00.000-07:002010-04-26T21:54:32.588-07:00Viagem ao fim da noite/ Morte a Crédito - Louis Ferdinand Céline<div style="text-align: left;"><strong>Leituras no ônibus a caminho do trabalho</strong></div><div style="text-align: left;"><strong><br />
</strong></div><strong><span class="Apple-style-span" style="font-weight: normal;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5457937939501747090" src="http://1.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S759o3ohC5I/AAAAAAAAALs/d6lkKRm8dwA/s320/celine2.jpg" style="display: block; height: 320px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: left; width: 266px;" /></span></strong><br />
<div style="text-align: left;"><br />
</div><div style="text-align: left;">Louis-Ferdinand Céline muitas vezes é precedido de seus pecados. Tendo publicado folhetos anti-semitas durante a ocupação nazi na França, carregou até o fim de seus dias a pecha de ser vergonha pública. No que tange a sua obra, é irrepreensível sua genialidade. Do que li, tudo parece ser carregado em dramáticas tintas auto-biográficas, <em>Morte a crédito </em>e <em>Viagem ao fim da noite</em> são mais do que exemplares comuns de um bom escritor, mas atestados de uma grande literatura. O autor seduz, trás o leitor ao chão, cospe, escarra, peida sem pudores algum, mostrando em meio a escrotidão física, a do caráter, e como podem ser trágicas as relações humanas.</div><div><div><div style="text-align: justify;"><div style="text-align: left;">Em <em>Morte a Crédito</em> vemos um jovem Ferdinand que das primeiras páginas nos introduz em tom de lembrança uma infância sofrida. Um garoto coagido por um pai fracassado e uma mãe mártir. A parte dos adjetivos que dei as personagens na frase anterior, o autor não enverniza, não fica polindo a dor e as cicatrizes. Muito pelo contrário, as feridas são abertas, e de uma forma que parece um garoto que arranca a casca nova de um ferimento para ver o sangue, impedindo a cicatrização, e como louco ri disto. O texto é cortado de ironias, de derrotas, de sorrisos, de sarcasmo, numa montanha russa imprevisível. Um outro ponto que me veio nessa leitura, obviamente de minha observação (bem) pessoal, são as semelhanças sutis com Trópico de Câncer de Henry Miller. Fã confesso do autor, reza a lenda que reescreveu partes de seu romance depois de ler as provas de Morte á Crédito. Ao saber disto, me foi difícil não conectar em pensamento as andanças e malandragens da personagem de Céline, com o alter ego de Miller no outro romance.</div><div style="text-align: left;"> <em>Viagem ao fim da noite</em> é por sua vez, tida como a obra máxima. A história também tem fortes ares de autobiografia. Um homem só e ciente de suas fraquezas é empurrado pelo destino e covardia de um lado a outro. Mais do que isso, e mais do que uma metáfora de uma existência miserável, <em>Viagem</em> é quase um libelo niilista. Um jovem Céline, agora mais velho do que aquele de M<em>orte a Crédito</em>, se vê no meio da guerra, divagando sem medo e sem pudores sobre todo tipo de canalhice do ser humano. Da Europa para a África, depois para a América, a miséria parece ser pintada como um espectro que o persegue. Existe um sem número de autores que cantaram em verso ou prosa as virtudes do ser humano, uma outra parcela fala de seus des-méritos, Céline está entre esses e faz com olhar clínico e ao que parece, com “conhecimento de causa”</div><div style="text-align: left;">Enquanto rascunho isso num bloco, dentro de um ônibus abafado, vejo a garoa do lado de fora da janela. Estou indo ao trabalho. Olho para um punhado de moradores de rua esperando o café da manhã em frente de um albergue. Quando a porta se abre, uns empurram os outros querendo adentrar e comer antes que os demais. Animalidade? Falta de educação ou sobrevivência em uma situação extrema? Cerca de uma hora e meia antes o mesmo aconteceu no terminal onde peguei esse ônibus. A porta se abre uma porção de gérsons, se vê no direito de se achar mais esperto que a maioria. Céline pode ser um monstro, reconheço seus defeitos e escrotidão, mas junto desse caráter deformado, me pego pensando, que pelo que parece o mundo, mas principalmente o que chamam de “essência” do ser humano, não mudou muito.</div></div></div></div>Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-89730888198497141052010-04-05T22:17:00.000-07:002010-04-05T22:35:06.889-07:00Três closes<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rHzVtBruI/AAAAAAAAAhI/cyFgrHpY3_E/s1600/Foto0106.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rHzVtBruI/AAAAAAAAAhI/cyFgrHpY3_E/s320/Foto0106.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456893583326031586" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rHht8vazI/AAAAAAAAAhA/ztvneU0XVDI/s1600/IMG_2981.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rHht8vazI/AAAAAAAAAhA/ztvneU0XVDI/s320/IMG_2981.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456893280596749106" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rG-tLg7EI/AAAAAAAAAg4/_pMfqQT19xA/s1600/IMG_3000.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S7rG-tLg7EI/AAAAAAAAAg4/_pMfqQT19xA/s320/IMG_3000.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5456892679094856770" /></a><br /><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Todas captadas à revelia, via celular.</span></span>Anonymousnoreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-30515430297468581922010-03-23T22:09:00.000-07:002010-03-23T22:16:05.174-07:00Estação Barra Funda<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mf35ZobOI/AAAAAAAAAgw/oit81irBY08/s1600-h/IMG_2936.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mf35ZobOI/AAAAAAAAAgw/oit81irBY08/s320/IMG_2936.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5452064606558645474" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mfhRFKQjI/AAAAAAAAAgo/CsDCFMq1214/s1600-h/IMG_2931.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mfhRFKQjI/AAAAAAAAAgo/CsDCFMq1214/s320/IMG_2931.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5452064217778242098" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mfHeKHEEI/AAAAAAAAAgg/EcH5XQdcrCE/s1600-h/IMG_2935.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6mfHeKHEEI/AAAAAAAAAgg/EcH5XQdcrCE/s320/IMG_2935.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5452063774612066370" /></a><br /><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Passatempo de viagem. Viagem como passatempo.</span><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><br /></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">Fotos irônicamente tiradas por Thiago Zati</span></div>Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-1471996784660715522010-03-19T00:05:00.000-07:002010-03-22T20:38:46.829-07:00Branco e Vermelho<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6Mitq742eI/AAAAAAAAAgY/rY8hTjPYXBI/s1600-h/IMG_2832.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S6Mitq742eI/AAAAAAAAAgY/rY8hTjPYXBI/s320/IMG_2832.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5450238142063368674" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;">E<span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">ra segunda-feira e André tinha certeza: Marta o havia traído. Sabia disso pelas duas piscadelas daqueles olhos cor de mel sempre que ela ouvia o nome de Jorge. Marta não sabia mentir, e para não ouvir a confirmação de sua própria boca, André nunca perguntou. Mas já havia sentenciado: Jorge ia morrer nesta manhã.</span></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ele deu um longo gole do café quente. Sentia o cheiro de sangue e carne das roupas sujas que havia deixado ali pelo chão. Tinha trabalhado no açougue o domingo todo, cortando e desossando grandes pedaços de carne vermelha. Mas mesmo cansado, não dormiu. Deitado naquela noite quente de janeiro, tentou reconstruir todo o cenário: quando Marta teria conhecido Jorge? Quando teriam trepado pela primeira vez? Quando Marta começou a piscar duas vezes os olhinhos cor de mel? Mas não adiantou. A memória lhe traiu. Todas as lembranças lhe pareciam inventadas e todas lhe pareciam suspeitas. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Jorge secou a boca com a manga da camisa. Sentado na cadeira, com o sol vermelho da manhã lhe batendo no rosto, viu Marta deitada no sofá. Ela adormeceu vendo televisão e tomando o quarto da garrafa de pinga que André tinha deixado atrás da porta. Seu cabelo lhe cobria o rosto e seus dedos tocavam o chão de taco amarelo. O bico do seu seio despontava para fora do decote da regata velha. André cuspiu e se levantou. Eram 6 horas. Precisava ir.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">No balançar do trem lotado, perdido no próprio ciúme,, André viu, de olhos fechados, Marta e Jorge. Viu o desejo nos olhos de um e de outro. Viu o sexo sujo, imundo, delicioso. E, no momento onde aquele êxtase explodia e terminava num grito sufocado, André despertou. Sentiu a camisa branca grudar-lhe no suor das costas. Olhou confuso pela janela, buscando alguma paisagem familiar. Reconheceu o trem abandonado e os quatro prédios idênticos com sua pintura em forma de cruz. Descia na próxima estação.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Caminhou todo o trajeto de olhos semicerrados. O sol já lhe castigava a face negra. Naquela manhã não ouviu a sirene da ambulância, não ouviu o latido do cão, não ouviu o choro da menina de vestido rosa. </span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Levantou o rosto e virou a esquerda. Leu do outro lado da rua o letreiro vermelho e verde do açougue.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Estavam todos lá, era dia de entrega, e o caminhão estava parado ali na frente. André entrou seco, sem falar com absolutamente ninguém e correu para a escada. Vestiu seu avental branco, as botas de plástico e as luvas. Pegou a longa faca afiada no balcão. Conferiu o fio com a ponta do dedo grosso. Um rastro de sangue se misturou as manchas do chão. Quando olhou para frente, viu Jorge, que carregava um grande pedaço de carne nas costas. Jorge parou e ficou: mal deu tempo de ver, nos olhos de André, o vermelho vivo do ódio, que correu em sua direção e lhe enfiou a faca no estômago. Jorge soltou um grito horripilante. André segurou a faca com toda a força, e deu um longo tranco para cima. A lâmina rasgou a carne de Jorge até a costela. Por um instante, Jorge ainda ficou em pé: sangue e vísceras lhe escapavam pelo rombo feito a faca. Apenas por um segundo para depois cair de uma vez. André lhe abriu o olho direito e o fitou. A vida acabara naquele instante para Jorge.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ainda naquela tarde, Marta foi ao açougue, mas viu só um dos dois homens que amava. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Aperto de botão: Thiago Zati</span></span></div>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-72943945425812054872010-03-07T07:35:00.000-08:002010-03-07T16:21:38.527-08:00Vivendo pelo café, morrendo com estilo (Parte 2).<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://www.associatedcoffee.com/site_graphics/black_coffee.jpg"><img style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 262px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 245px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://www.associatedcoffee.com/site_graphics/black_coffee.jpg" border="0" /></a><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify">Ele levantou-se, foi até o balcão, Tremia. Olhou para a atendente que já lhe era familiar e disse:<br /><br />- Por favor outro café!<br />- Claro senhor, com leite ou puro?<br />- Puro e pouco açucar, por favor.<br />- Ok, pode ficar a vontade que a garçonete já irá servir-lhe.<br /><br />Ele voltou para a mesa com passos lentos, descompassados, desalinhados, torcendo para que ela tivesse saído pela porta no momento em que ele levantou, ao mesmo tempo em que torcia para que ela estivesse lá do modo como a havia deixado instantes antes de se levantar.<br />Chegou perto da mesa e lá estava ela, brincando com os guardanapos e os canudos.<br />Ele aproximou-se, parou em pé ao lado da mesa, sem olhar para os olhos dela, ela levantou a cabeça, olhou para ele e disse:<br /><br />- Não vai se sentar?<br />- Sim, sim, estou me preparando.<br />- Se preparando para sentar?<br />- Isso.<br />- Deixa eu te ensinar: Primeiramente você arruma a cadeira, coloque-a em uma posição confortável, depois você vai abaixando os quadris suavemente até eles tocarem a cadeira. Pronto! Está sentado!<br />- Como você é engraçada. Vai fazer piada de mim agora?<br />- Claro que não, só estou querendo quebrar a tensão, você é sempre tão tenso e leva as coisas muito a sério.<br />- Você ouviu o que eu disse a pouco?<br />- Sim ouvi, me pareceu estranho vindo de você mas enfim...<br />- Enfim, o que?<br />- Cara, você é esquisito. Nunca sabe o que quer, não tem perspectivas, se distância de tudo e de todos, mesmo quando estávamos juntos você nunca estava lá realmente, seu mundo é a parte. Tem um puta potencial e fica ai desperdiçando com esses seus amigos bêbados, perdedores, que só te afundam cada vez mais no nada em que sua vida se transformou.<br />- E o que isso tem a ver com o fato de eu te amar?<br />- Que merda de amor é esse? Você nem sabe do que está falando, nunca acreditou no amor.<br />- E ainda não acredito, amor é construção social, Tristão e Isolda são uma farsa, Romeu e Julieta se resume à sexo!<br />- E com que moral você vem até mim e diz que me ama?<br /><br />A garçonete se aproxima da mesa:<br /><br />- Com licença senhor, aqui está o seu café.<br />- Obrigado.<br />- Deseja mais alguma coisa?<br />- Sim uma arma carregada. Ele diz.<br /><br />A garçonete esboça um sorriso e se afasta.<br /><br />- Porque você diz essas coisas hein?<br />- Só estava brincando com ela, transformando a nossa relação em algo mais íntimo. Afinal ela me serviu o café.<br />- Que modo estranho de se ficar íntimo das pessoas.<br />- Somos todos íntimos na morte.<br />- Nem quero ouvir o resto, deixa pra lá!<br />- Não vai tomar mais nada?<br />- Não, já estou indo embora.<br />- E nós?<br />- Querido, não existe mais nós. Acho que na verdade nunca existiu. Existe eu e você.<br />- O que o seu namorado faz?<br />- Não te interessa!<br />- Ele trepa bem?<br />- Você acha que eu vou mesmo te responder esta pergunta, ou está perguntando só para me provocar?<br />- Só para te provocar.<br />- Imaginei.<br />- Você não quer falar comigo, não é mesmo?<br />- Não é isso, é que eu não posso falar contigo, como se nada tivesse acontecido. Você fez um estrago tremendo na minha vida e nem se importou com isso, não foi fácil!<br />- Claro que eu me importei. Tanto me importei que fiz o que fiz.<br /><br />Ele deu uma enorme golada no café, e continuou:<br /><br />- Olha, não foi fácil, você sempre soube o quando eu sou ruim com as escolhas, o quanto complico as coisas simples e como sempre me fodo no fim. Nunca faria algo que te magoasse propositalmente, mas nós mentimos. Eu menti para você e você para mim, nos enfiamos em um emaranhado sem perceber e quando nos demos conta e tentamos nos soltar, era tarde demais.<br />- É nisso você tem razão. Mas não te dá o direito de vir até mim depois de 6 meses, dizendo que me ama.<br />- Veja bem, eu não sei o que é o amor. Na verdade quero se foda! Só sei que você faz falta, só constato o que é empírico, mesmo sabendo que meus sentidos podem me enganar.<br />É uma coisa de filha-da-puta mesmo, sabe? Quanto mais te vejo feliz, mais eu fico triste por saber que o motivo desta felicidade não está relacionado a mim. Sim, posso ser um escroto e dormir bem sabendo disso, aceito todas as minhas características humanas. Não nego nada, pois "Nada do que é humano me é estranho".<br />- E é desta forma que você quer que eu te ame?<br />- O que você espera? Viver em um mundo de ilusão, onde as pessoas são sempre boas e nada de mal acontece?<br />- Mas quem ama protege, não?<br />- Sim, eu te protejo de tudo e de todos, menos de mim mesmo.<br />- E você é o mal que eu mais temo. Disse ela com um tom desiludido.<br /><br />Ele esbarrou na xícara e derrubou o café. Fez um sinal para a garçonete. Ela veio atendê-lo.<br />Ela disse sorrindo suavemente:<br /><br />- Quer a arma agora senhor?<br />- Ainda não, mas gostaria de mais um pouco de café. Disse ele sorrindo.<br />- Ok!<br /><br />A garçonete foi buscar mais café.<br /><br />- E não é que funcionou. Disse ela.<br />- Sim, sempre funciona.<br />- Preciso ir agora, terminamos essa conversa uma outra hora.<br />- Acho que não!<br />- Porque não?!?<br />- A arma...<br />- Que brincadeira idiota!<br />- Pode não ser brincadeira.<br />- Não vivemos para isso.<br />- E para que vivemos?<br />- Para fugir disso, como no filme do Bergman.<br />- E vivemos para aproveitar a vida, uma hora o "aproveitar" acaba e cessamos de viver.<br /><br />Ela levantou-se, vestiu a jaqueta jeans e disse:<br /><br />- Vou fingir que não ouvi isso, se cuida!<br />- Você também.<br /><br />Ele aguardou ela sair, viu-a atravessando a rua e pegando um táxi. Levantou-se, tirou uma nota de R$ 20,00 do bolso da calça, colocou-a sobre a mesa e foi embora.<br />A garçonete vinha com a xícara de café, ao vê-lo saindo suas pernas tremeram, tropeçou e caiu no meio da cafeteria. A xícara espatifou-se ao chão, o café caiu e sem querer ela chorou. </div>Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-64134493465487569362010-03-04T14:29:00.000-08:002010-03-05T10:56:30.456-08:00Vivendo pelo café, morrendo com estilo (Parte 1).<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://quiprona.files.wordpress.com/2009/10/cafe.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 314px; height: 228px;" src="http://quiprona.files.wordpress.com/2009/10/cafe.jpg" alt="" border="0" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small;">Encontraram-se depois de um bom tempo sem contato algum, em um café nas redondezas da avenida paulista. Lugar onde os pós-modernos precários, artistas frustrados, pseudo-intelectuais de orelha de livro, vadios travestidos de boêmios de forma saudosista e putas, muitas putas, se escondem.<br />Se olharam fixamente, como se estivessem um procurando no outro o que deixaram para trás naquela noite. Ele andou ao redor dela, como um cão que avista e tenta identificar um outro ser da mesma espécie, parou em frente à ela e esboçou um sorriso. Como sempre ela foi mais rápida, sorriu primeiro e disse:<br /><br />- Está orgulhoso de mim? De como eu estou superando a fase "você"?<br />- E porque eu deveria estar?<br />- É verdade, isto não deve fazer bem ao seu ego, não é mesmo?<br />- Pouco me importa.<br />- Sei...sei...E como você está?<br />- Vivendo num eterno final de semana.<br />- Isso é bom!<br />- Depende, depende muito.<br />- Depende do que oras? Final de semana, ócio, vida, você vivia fazendo apologia à isso.<br />- O importante não é ter vida, e sim a forma como se conduz essa vida. E você sabe como todo término de final de semana é melancólico né! Domingos a noite são sempre trágicos.<br /><br />A garçonete os interrompeu perguntando sobre os pedidos. Ele pediu um café com creme e ela pediu um leite gelado com chocolate.<br /><br />- Você ainda toma muito café? disse ela.<br />- Sim, sim. Vivendo pelo café, morrendo com estilo.<br />- Esse é o seu slogan? Ridículo!<br />- Eu sou ridículo, vivo de forma ridícula, odeio de forma ridícula e amo tudo isso mais ridículamente ainda.<br />- Isto é uma introdução "aquele" assunto?<br />- Porra nenhuma, assunto morto e enterrado.<br />- Afinal de contas, porque me chamou aqui então?<br />- Na verdade não sei, queria te ver, só isso.<br />- Só isso?<br />- Você pergunta demais e vive de menos.<br />- O que você espera? O que você quer? Fala em viver, viver, mas não faz nada pela sua vida.<br />- E o seu namorado como está?<br />- Não muda de assunto.<br />- Me disseram que ele é um idiota.<br />- Todos os homens são idiotas pra você, exceto você mesmo, não é?<br />- A mais pura verdade. Narciso acha feio aquilo que não é espelho.<br /><br />A garçonete os interrompeu novamente, trazendo os pedidos.<br /><br />- E o seu namorado?<br />- Está obcecado nele hein! Essa sua velha mania de se comparar com os outros...<br />- Sempre no comparamos, eu, você, qualquer um. Queremos nos sobressair no meio da multidão. Olhamos os outros, observamos e vemos o quanto somos melhores e o quanto somos piores.<br />- Então você quer ser o melhor?<br />- E você não? Quero ser o melhor que eu puder ser, e sei que posso ser.<br />- Acho que somos todos iguais.<br />- Pronto! lá vem você com esse seu papo neo-humanista!<br />- É sério, não quero ser melhor que ninguém, quero apenas ser eu mesma.<br />- E você sabe quem você é?<br />- Tento me descobrir a cada dia.<br />- E se você se descobrir um lixo?<br />- Isso não vai acontecer.<br />- Como você pode ter tanta certeza?<br /><br />Ela parou, deu uma golada no chocolate e disse:<br /><br />- Olha, não tenho certeza de nada, mas sei que não sou um lixo!<br />- Você é melhor que isso né?<br />- Claro, claro que sim.<br />- Você é melhor que aquela menina sentada na mesa do canto, usando óculos vermelhos, vestido preto, sapato preto e branco e lendo a revista cultural da moda?<br />- Não sei, não conheço ela. Mas acredito que sejamos iguais.<br />- Iguais onde? Você acabou de dizer que nem a conhece. Mas a sua primeira impressão a respeito dela eu sei que não foi boa. Você sempre odiou sapatos bicolores. Você nunca usaria aquele sapato, acha brega, você não é brega, você tem estilo é diferente!<br />- Isso é verdade, mas não quer dizer que eu me ache melhor que ela.<br />- Como não, acabei de simular todo um julgamento a respeito de uma pessoa, tomando como ponto de partida o sapato que ela está usando e você concordou.<br />- Mas é uma questão de gosto pessoal.<br />- Não, não é. Para você achar ela brega, obrigatoriamente você está usando uma pessoa não-brega como referência, no caso você mesma, isso já faz de você um pouco melhor.<br />- Puta papo chato! Você não se contenta em simplificar as coisas né?<br />- Você sempre me achou chato. Disse ele.<br />- Pretencioso também.<br />- E arrogante.<br />- Mal educado!<br />- Ainda te amo!<br /><br />A cidade para. Um silêncio profundo toma as ruas. O café esfria.<br /><br />(Continua...) </span></span></div>Viny Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/13721069632693973355noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-1609949251481246412010-03-01T20:17:00.000-08:002010-03-01T20:31:10.122-08:00Linha Onze: um texto sobre um coração partido<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4yTjNQpH5I/AAAAAAAAAgI/qnEsHVKrGGQ/s1600-h/IMG_2757.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 240px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4yTjNQpH5I/AAAAAAAAAgI/qnEsHVKrGGQ/s320/IMG_2757.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5443888282648256402" /></a><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> trem ia chegar à plataforma. Eu sabia porque ouvi o silvo distante das rodas de metal cortando os trilhos soltando aquele cheiro do aço quente. A plataforma estava cheia de gente comum, de rosto cansado, que só quer chegar em casa e ver um pouco de TV antes de dormir e recomeçar tudo outra vez. Mas naquela noite quente, meu universo estava contido a poucos metros de mim, em apenas duas pessoas, poucas palavras e alguns gestos. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Eu não conhecia aqueles dois, não sabiam quem eram, seus nomes, o que faziam pra viver, o que gostavam de comer. Ela estava em um profundo e resignado silêncio, com os braços cruzados e o cabelo com uma franja que lhe caia no rosto. Ele falava alto, mexia as mãos, o rosto distorcido, os olhos vermelhos. Eu sabia de tudo; do fim, pelo começo. Ele se vira rápido e começa uma frase. Mas só diz as primeiras letras. Algumas silabas desconexas. Nada. Ela continua ali, olhando para o chão, como se alguém estivesse sendo enterrado bem ali, na plataforma coberta de borracha preta.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O trem chega devagar. O rugido seco do freio é tão alto que me faz levar a mão ao ouvido. Nunca me acostumo. É sempre como a primeira vez. Vejo o rapaz olhando para o nada. Sei o que sente. Sei daquele vazio, daquele buraco que lhe abriram no peito, quase que a pé de cabra. Agora sim ele chora. Ele sabe, assim como eu: nada mais vai ser dito.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O trem para e automaticamente as portas se abrem. Ele ensaia um movimento. Vacila. De novo. Ela arruma a bolsa no ombro, passa a mão no cabelo e levanta a cabeça: isso me deixa ver todo o seu rosto. Ela dá um passo. Só um. Seus braços laçam as costas do rapaz. Ela coloca a cabeça no seu peito e fecha, por um momento, os olhos. Um instante mágico e infinito, que ele não vê - mas que eu vejo. Ele acaricia o cabelo dela uma última vez. Um beijo com carinho e saudade. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O desenlace. Ela se vira. Um, dois, três passos. Ela entra no trem. Não se vira. Não dá adeus. A porta fecha. O trem parte, devagar, seguindo seu caminho pelo trilho ocre. Ele acompanha o trajeto com a cabeça e se vira. Agora eu vejo o rosto dele. Ali não existe ninguém. Naquele momento, seu corpo é uma casca. Seu coração, nada mais que um pedaço de carne do tamanho de uma mão fechada. Ele respira fundo e enxuga os olhos com a manga da camisa xadrez. Toma coragem. Passa por mim como uma flecha, duro como pedra. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Sei o que ele sabe. Sinto o que ele sente. Afinal, tudo isso é apenas um sonho ou uma lembrança distante. Não sei. Mas o alarme toca todo dia de manhã, na mesma hora.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Clique despretensioso: Thiago Zati</span></span></div><div><br /></div>Anonymousnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-68413387799684819282010-02-27T08:06:00.000-08:002010-02-27T08:33:29.407-08:00A insustentável leveza do ser - Milan Kundera<div align="justify"><strong>Leituras no ônibus a caminho do trabalho...</strong></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify">Anos atrás o walkman foi meu fiel parceiro no trâmite pela cidade. Eu morava longe, e tinha o delicioso prazer de usar as antigas mídias analógicas em meu dia a dia. Comprava livros usados e também lp´s de segunda mão . Passava no mercado e comprava fitas k-7 no atacado. Nos fins de semana ou a noite, com um fone ligado ao som para não incomodar meus pais e irmãos ia gravando os discos, esparramado no sofá viajando nas capas, nas letras, as vezes traduzindo porcamente com um mini-dicionário. E isso foi um grande pedaço de minha existência, onde uma porção de filme imaginários meus, passavam diante de meus olhos, com minha trilha sonora escolhida, ecoando no ouvido, com as imagens da cidade passando pela janela do ônibus. Eu era jovem, o mundo era velho e eu começava a desenvolver interesse no hardcore. Esse meio me ajudou muito, pois tinha uma “cobrança” de se ler muito. E eu lia. Não com muito critério, e meio tudo ao mesmo tempo. De quadrinhos, a romances, filosofia, best seller porcaria, clássico reconhecido... Muito, muito muito. Entre eles autores que naquele período impressionavam muito mais pela forma e fama, do que por eu ter entendido algo de suas idéias...<br /><br />Ai entra <strong>Milan Kundera</strong>. Em uma porção de lugares que frequentava , <em><strong>A insustentável leveza do ser</strong></em> estava presente, meio que se convidando para ser lida por mim. E eu não resisti, e isso fiz sem pudor, como as personagens do livro. A história trata da relação de quatro personagens principais. Tomas, Sabina, Tereza e Franz. Tendo um viés filosófico que amarra as idéias e a condução da trama, o livro trata do amor, da liberdade, da existência do ser diante da adversidade e do sentimento. Qualquer autor poderia se amparar no recurso de contar historias de amor e relação em qualquer lugar. Mas Kundera fez mais. Ele situa sua historia em fluxos temporais diversos, conectando a vida dos atores do romance a emblemáticos momentos da antiga Tchecoeslováquia. A Primavera de Praga, a ocupação soviética, a delação, a negação, o medo, a ansiedade, tudo sem ser cenário, muito mais que contexto.</div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442957564845095938" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 278px; CURSOR: hand; HEIGHT: 244px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S4lFETQd_AI/AAAAAAAAALk/ADvcHAcYMmI/s320/leveza+do+ser.jpg" border="0" /> <p align="justify">Quando garoto, eu não entendia direito o que rolava nesse país de nome estranho, muito menos nessa cidade com nome de coisa ruim. E quando mergulhei no universo do punk-hardcore, tudo que era denominado de “esquerda” era aceitável. Tudo que fosse, vermelho ou preto apontava para um mundo justo, guardados os limites da minha ingenuidade e tosquice. Mas a gente amadurece, cresce, lê outras coisas. Um dia um grande amigo me presenteou com “O arquipélago Gulag” de Alexander Soljentsin e as coisas começaram a ser mais complexas, com mais ou menos (ou nenhum) sentido.<br /></p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442957087034413554" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 214px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S4lEofRhkfI/AAAAAAAAALU/h_Di6-FMEOs/s320/insustentavel.jpg" border="0" /><br />Dessa forma, reler A insustentável leveza do ser com mais maturidade toma outro sentido. Com mais empolgação ou menos deslumbramento, a história torna-se real fruto de um tempo, contando com muita força nas áreas que se atêm a navegar. Seja filosoficamente, no plano do romance, ou da crítica política. Por outro lado, lembremos que o muro na Alemanha teve seu aniversário comemorado. Que as guerras sangrentas tem suas datas de calendário, mas o que tombam nesses conflitos, os anônimos, o ordinários da multidão só são lembrados, naqueles corações que ficam vazios e sentem sua falta.<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442957311499716146" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 211px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S4lE1jeORjI/AAAAAAAAALc/zHKsiceb6Q8/s320/unbearablelightness.jpg" border="0" />Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-85104633577379473142010-02-26T09:43:00.001-08:002010-02-27T20:00:44.078-08:00Algumas Pessoas<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gJjY88_pI/AAAAAAAAAgA/zFrG89t0QkI/s1600-h/IMG_2558.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gJjY88_pI/AAAAAAAAAgA/zFrG89t0QkI/s320/IMG_2558.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442610653275422354" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gJKWLiDPI/AAAAAAAAAf4/D7__HgshYlM/s1600-h/IMG_1842_2.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gJKWLiDPI/AAAAAAAAAf4/D7__HgshYlM/s320/IMG_1842_2.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442610223034535154" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gIudR8BvI/AAAAAAAAAfw/p804DRnqn58/s1600-h/IMG_0772.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gIudR8BvI/AAAAAAAAAfw/p804DRnqn58/s320/IMG_0772.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442609743904114418" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gIf9CMxjI/AAAAAAAAAfo/qwiLZACNVbM/s1600-h/Paris2+165_2_2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 213px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4gIf9CMxjI/AAAAAAAAAfo/qwiLZACNVbM/s320/Paris2+165_2_2.jpg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5442609494729999922" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Clique e falta de juízo: Thiago Zati</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Mais no Fricks! Clique <a href="http://www.flickr.com/photos/thiagozati/">aqui</a></span></span></div>Anonymousnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-39763887001617368182010-02-24T08:44:00.000-08:002010-02-25T08:10:29.416-08:00A Fita Branca - Michel Haneke<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4VX7e0xBRI/AAAAAAAAAfg/473205BOx0k/s1600-h/das_weisse_band_poster.jpeg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 226px; height: 320px;" src="http://2.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S4VX7e0xBRI/AAAAAAAAAfg/473205BOx0k/s320/das_weisse_band_poster.jpeg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5441852404145390866" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Michel Haneke é, sem sombra de dúvidas, um dos diretores mais interessantes do cinema contemporâneo. Lembro-me exatamente da impressão avassaladora que tive ao ver Tempos de Lobo; ou mais recentemente, da estranheza e incomodo ao assistir Caché. Seu cinema sempre busca uma relação de absurdo entre os personagens e a realidade que os cercam, mas este absurdo nunca é abstrato: ele sempre se apresenta como uma possibilidade virtualmente real, o que cria uma atmosfera de absoluta autenticidade em seus filmes. Mas é neste mais recente A Fita Branca que seu cinema adquire uma espantosa maturidade no que se refere à relação forma-conteúdo.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A Fita Branca retrata um vilarejo alemão nos momentos imediatamente anteriores a deflagração da Primeira Guerra Mundial. É neste micro-universo que se desenvolve toda a trama, guiada pelas observações do narrador, que também foi personagem dos acontecimentos que ocorreram na vila. E, como nos informa o narrador, são estas circunstâncias que podem nos ajudar a compreender os fatos que se sucederam na história do país, ou seja, a declaração de guerra da recém unificada Alemanha à Russia em apoio ao Império Austro-Húngaro.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Haneke utiliza este pequeno vilarejo , seus habitantes e alguns acontecimentos que ali ocorreram apenas como um recurso simbólico para o desenvolvimento de uma tese: a Alemanha, pré-Primeira Guerra Mundial, viu-se diante do catástrofe, do medo e da perda da inocência. Esta inocência perdida está singelamente representada na fita branca que dá título ao filme, para que lembremos desta pureza (sinal do sagrado) que tem como referência direta uma idílica idéia de moral. E é este conflito entre o “ser” e uma idéia de “dever ser” que domina a trama e cria a atmosfera simbólica absolutamente opressora que dá o tom de todo o filme.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ao final da sessão, A Fita Branca traz a marca fundamental da grande obra: é somente em sua alegoria que o que não pode ser dito em palavras alcança toda sua complexidade e ambiguidade.</span></span></div><div><br /></div>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-90728627908796520632010-02-20T16:03:00.000-08:002010-02-20T17:09:22.926-08:00O ano do Tigre no Brasil pós Carnaval<div align="justify">O céu é de noite, mas o relógio aponta um dia que perde tempo no horário de verão. Ele saiu da cama cedo. Olhos colando em remela. Tomou banho, café e saiu. Tudo em menos de 30 minutos. Não é o trabalhador exemplar, apenas se adaptou ao ritmo da distância. No ponto outros olhos limpos da remela e sonados sem poder esconder, aguardam o mesmo ônibus. Gente simples como ele. Mesmo de banho tomado sente o calor. Pensa rapidamente “O inferno realmente é aqui”. Seu ônibus chega.</div><div align="justify"></div><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440492496751986114" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 320px; height: 240px; text-align: center;" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S4CDGdAUhcI/AAAAAAAAALE/5lrPrRZccyg/s320/onibus.jpg" border="0" /> <p align="justify">No trajeto (em pé entre outros) pensa no transporte coletivo, enquanto um filete de suor escorre por suas costas. A cidade monstro se expande exponencialmente engolindo municípios, triturando a natureza que lhe resta, mastigando pessoas. O transporte acaba sendo um moedor de carne. Aperto. Calor. Truculência. Os ônibus do bairro foram trocados, são agora enormes, robustos, e ainda mais apertados. O terminal também espelha essa contradição, parece uma rodoviária de alguma cidade do interior e não comporta os ônibus e pessoas que ali circulam. Muito gasto para pouco. Ele passa em frente a estação de metrô. Num mundo ideal ele subiria naquelas plataformas e sairia no trabalho, mas o metrô privilegia outras regiões. É de se estranhar que esta linha tenha ido na contramão do padrão de construção estatal. <em>Sair da periferia visando o centro.</em> Morre logo depois do rio, sem chegar a lugar algum. No plano atual, os bairros ricos e centrais tem seu acesso garantido, no plano que assenta os trilhos do <em>centro para a periferia.<br /></em><br />No empurra-empurra da plataforma, segue uma fila descomunal até um ônibus biarticulado. O sol sai enfurecido do horizonte. A temperatura parece ficar sólida e tátil, tremulando a frente dos olhos. As costas doem. Ele equilibra um livro numa das mãos enquanto se apóia nos balaústres. Pessoas passam sem pedir licença, ninguém esboça emoção, que não seja raiva e irritação. Ele não consegue se concentrar, as mulheres a sua frente cacarejam sobre o reality show da noite passada. Discordam da eliminação dos candidatos. Ele força a concentração no livro, o texto parece ir apagando diante dos olhos, nada fica retido na memória. De uma sinapse fugidia vem uma frase de Confúcio engavetada na memória <strong><em>“As naturezas dos homens são parecidas; são os seus hábitos que os afastam uns dos outros”</em></strong>. Ao fim dessa lembrança alguém liga música no celular. Ele se pergunta, por que celulares tem de ter caixa de som, se vem com fone de ouvido. Ou por que os celulares têm de tocar música se sua função é de comunicação. Nota os “fiscais” de corredor. Nada de usar rádio e prancheta. A função é empurrar a massa humana dentro dos trituradores de carne. A culpa é do passageiro. Que não reclama do alto valor da passagem, que não é educado, que não dá espaço aos outros montes de carne, empacando o trajeto, atrasando a viagem.<br /></p><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5440492976570407346" style="margin: 0px auto 10px; display: block; width: 320px; height: 213px; text-align: center;" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S4CDiYd8mbI/AAAAAAAAALM/uewatEFKJP0/s320/chuva.jpg" border="0" /> <p align="justify">De frente ao prédio do trabalho, pronto a começar a outra batalha do dia, ele pensa no fim do carnaval. As cinzas das fantasias queimadas parecem estar flutuando sobre todos na rua. O dia corre como tem de ser. As costas doem, o suor secou. Os ponteiros da tarde são mais lentos que o da manhã. Passa o cartão de ponto. Ganha a rua. O céu está negro, como em todos os 40 dias ininterruptos que chovem durante a tarde. Sente-se aprisionado numa gaiola onírica, onde todo o dia é exatamente o mesmo. Ele ri ao lembrar de uma frase de carnavalesco: <strong><em>“O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual.”</em></strong> A chuva pesada da estação cai, nisso uma hora a mais no trajeto é acrescida. Em Hong Kong o cheiro de pólvora do ano que começa, já deve ter sido tragada em meio a poluição. A cidade de cimento afunda em meio a chuva. Ninguém reclama do preço da passagem. Ninguém se importa com seus tornozelos inchados.</p>Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-13977015429700151862010-02-18T05:32:00.000-08:002010-02-18T05:43:01.093-08:00Brincando com a alta exposição<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31C9Hn3NRI/AAAAAAAAAfY/51-TpDywMQY/s1600-h/IMG_2710.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31C9Hn3NRI/AAAAAAAAAfY/51-TpDywMQY/s400/IMG_2710.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439577542719124754" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31CwX96dfI/AAAAAAAAAfQ/OjAh8BMSxF0/s1600-h/IMG_2703.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31CwX96dfI/AAAAAAAAAfQ/OjAh8BMSxF0/s400/IMG_2703.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439577323768280562" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31Cb2UoxLI/AAAAAAAAAfI/FDk13btYd8o/s1600-h/IMG_2700.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://3.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31Cb2UoxLI/AAAAAAAAAfI/FDk13btYd8o/s400/IMG_2700.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439576971139400882" /></a><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31B9LBskCI/AAAAAAAAAfA/TQVlhOAlx4U/s1600-h/IMG_2721.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S31B9LBskCI/AAAAAAAAAfA/TQVlhOAlx4U/s400/IMG_2721.JPG" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5439576444121157666" /></a><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Mais uma vez, de maneira completamente amadora, brinco de tirar fotos. Aqui, imagens em alta exposição da orla do Guarujá.</span>Anonymousnoreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-38338083295982360532010-02-11T11:22:00.000-08:002010-02-11T11:34:18.454-08:00Uma nota sobre um disco - The Wall e o nascimento do Punk<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S3RZLoKDFkI/AAAAAAAAAe4/fR_oKB8KMV8/s1600-h/PinkFloyd-TheWall.jpeg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 320px;" src="http://4.bp.blogspot.com/_iacwkGKfx4o/S3RZLoKDFkI/AAAAAAAAAe4/fR_oKB8KMV8/s320/PinkFloyd-TheWall.jpeg" border="0" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5437068706436027970" /></a><br /><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Este é um ritual quase morto. Estava em casa batendo meus vinis, revendo alguns discos, colocando coisas pra tocar que não colocava já a um bom tempo. Vendo a agulha percorrer os sulcos dos discos pretos. Nestas redescobertas, voltei aos meus discos do Pink Floyd.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Sempre fui um grande admirador do Floyd, mas foi de um ou dois anos pra cá que eu passei a admirar mais a fase pré-Dark Side of The Moon. Entre 1967 e 1973 o Pink Floyd foi, junto com bandas como o The Velvet Underground, David Bowie, Roxy Music e outras, os líderes de um movimento musical que acabou sendo conhecido como “Art Rock”. O Art Rock buscava criar uma experiência sensorial através da união entre música e imagem. Ou seja, elementos de artes visuais e do teatro incorporadas ao espetáculo musical a fim de aprofundá-lo e ampliá-lo. O Pink Floyd tornou-se, talvez, o mais excênctrico destes grupos. Com shows de proporções cada vez mais impressionantes, o Floyd passou de uma banda experimental e underground, para um mastodonte que vendia discos às pencas e lotava estádios.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">The Dark Side of The Moon é um importante divisor de águas na carreira da banda. Com a saída de Syd Barret por problemas psicológicos ainda no início do grupo, Roger Waters tornou-se o principal compositor e líder. E em 1973 com o lançamento de Dark Side - um disco que tinha como linha conceitual a idéia de “loucura” - o Pink Floyd se transforma na maior banda do planeta, com total aclamação do público e crítica. </span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">De 73 a 78, o Pink Floyd só cresce em tamanho e público. Dois álbuns icônicos foram lançados neste periodo: Wish You Were Here (1975) e Animals (1977), ambos álbuns essenciais na carreira do Floyd. Mas é em 1979 que as coisas ficam mais complexas. The Wall não é, nem de longe, um dos discos mais interessantes da carreira do Pink Floyd, mas talvez seja o mais importante no que se refere ao conceito. The Wall significou, literalmente, o apartamento do Floyd de seu público.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">O Pink Floyd já tinha dado indícios disso: em 1972 o vídeo Live At Pompeii saiu, e lá, o Floyd tocava para absloutamente ninguém. Mas com The Wall, esse apartamento banda x público se tornou não apenas uma idéia, mas sim, uma prática. Em todos os shows do Floyd realizados entre 1980 e 1981, um muro era construído fisicamente, separando banda e platéia. Essa separação entre os dois grupos que compõem um show foi expressão, na música pop, da alienação da relação artista - público, que varreu a arte moderna pós-pop-art.</span></span></div><div><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">A reação veio antes mesmo do lançamento de The Wall. Em 1975, o Punk surgia em Nova York com os Ramones, e ali, sua total contradição ao Art Rock: a relação entre platéia e banda retorna a pura simplicidade do confronto. O Punk inflige música ao público. E esse caráter quase violento faz com que o papel da música na cultura popular retorne ao ponto fundamental: a expressão. </span></span></div><div><br /></div>Anonymousnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1399842514583425683.post-36530612960577365912010-02-06T15:06:00.000-08:002010-02-27T08:33:56.134-08:00Uma História da Leitura - Alberto Manguel<div style="TEXT-ALIGN: justify">Depois de anos trazendo a música no ouvido, observando paisagens reais, com pensamentos de trilhas sonoras imaginárias no transporte coletivo, me permiti (na verdade me obriguei) a aproveitar melhor esse tempo "perdido". A viagem matinal ao trabalho seria feita de outra forma agora. Tive de me programar em horários, estar atento em filas, acordando cedo, fazendo pequenos malabarismos, marcando a cara dos passageiros mais faladores, para me manter longe deles. Esse mês completei várias leituras atrasadas. Aos poucos vou soltando minhas impressões por aqui.<br /></div><div style="TEXT-ALIGN: justify"><br /><div style="TEXT-ALIGN: justify">Os temas referentes a educação e a formação do indivíduo sempre me foram de interesse. Nesse campo a leitura é uma pedra fundamental para além da teoria pedagógica, e da práxis de aulas. "Ler" em minha opinião é muito mais do que o ato funcional de decifrar um repertório de códigos. Quem se debruça sobre um livro, com o devido treino de interpretação e estabelece uma relação de compreensão real ao campo de idéias ou fantasias, sai enriquecido. Assim a leitura mais que nos informa e ensina, também ilustra nossas fantasias, amplia nosso campo de sonhos. Sempre me incomodei com o descaso das escolas em tratar a literatura, com uma tarefa obrigatória pesada, monolítica, desprovida da capacidade de encantar os alunos, pois afinal, a ignorância é coleira presa na guia do controle.Na minha visão um tanto paranóica de mundo, existe um interesse bem classista em estabelecer mais e mais leitores "funcionais" do que desenvolver leitores reais, mas isso, que na real é papo bem chato fica para outra hora.<br /></div><br />"Uma História da Leitura" (Companhia das Letras, 406 pags.) fala da relação leitor x livro de diversas formas, em diversos lugares e momentos. Alberto Manguel escreve agradavelmente, esparramando sua erudição, sem ficar pesado e chato, mistura experiência pessoal, pesquisa e paixão pelo ato de ler. A forma como discorre parte do pessoal, e creio eu, justifica o "UMA HISTÓRIA" por não existir uma história definitiva, existem visões, recortes de realidade, onde os indivivíduos, se relacionam na enorme teia do viver em sociedade.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://2.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S24f0pUHaBI/AAAAAAAAAK8/vUhK1uVtl5E/s1600-h/Digitalizar0015.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435316789586651154" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 221px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://2.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S24f0pUHaBI/AAAAAAAAAK8/vUhK1uVtl5E/s320/Digitalizar0015.jpg" border="0" /></a><br /><br />Manguel pouco mais de 60 anos, é argentino de nascimento, canadense por opção. Tem uma grande lista de livros publicados. Em "Uma História da Leitura" dentre os diversos capítulos onde discorre sobre o ato de ler, fala também de si mesmo, assumidamente um apaixonado por livros. Em todos capítulos do livro, nomes como São Tomaz de Aquino, Kafka, Petrarca, Italo Calvino, Emily Brontë, Pablo Neruda, Fernando Pessoa, passeiam diante de nossos olhos, apresentados de uma forma próxima, com caracteristicas bem humanas e universais.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S24fM3401eI/AAAAAAAAAK0/R1tHxy4fdrM/s1600-h/albertomanguel.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5435316106303952354" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: pointer; HEIGHT: 244px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_NvSD2TIcIwI/S24fM3401eI/AAAAAAAAAK0/R1tHxy4fdrM/s320/albertomanguel.jpg" border="0" /></a><br />Alguns indivíduos sao privilegiados por condições familiares, outros por pura sorte. Manguel é um pouco dos dois. Para ilustrar um pouco do que falo, ele trabalhou quando adolescente em uma livraria. Além de se afundar em títulos mais variados e surrupiar outros de sua patroa, tirava o pó das estantes e atedia clientes. Um dia um velho cego adentrou a loja, pedindo um dicionário. O que um cego ia querer de um dicionário? O cego era Jorge Luis Borges, já famoso e reconhecido. Que lhe ofereceu uma oportunidade de aumentar mais suas finanças: Ler ao grande escritor, pois sua velha mãe ja nao tinha mais fôlego. Manguel foi durante um tempo os olhos de Borges, e ouvidos para seus comentários. Esse exemplo simples, de uma relação de amizade, que se ampara no ato de ler, ouvir e interpretar é uma de tantas passagens do livro. Mostra que os leitores, acabam "irmanando-se", congregando em seus silêncios individuais, a grande experiência que é dividir momentos, não só com o escrito, ou com quem escreve, mas fazendo da leitura algo maior, que aciona pessoas, em interesses comuns das mais variadas classes e vivências.<br /><br />Dessa forma, em um momento onde as pessoas criam novos códigos de escrita, ou outras formas de leitura sao aprimoradas (vide kindle, ipad, etc) é importante ter um livro, que discorra sobre esse momento, íntimo e solitário, que pode ser público e devidamente acompanhado, mas que acima de tudo nos faz crescer como seres pensantes.<br /><br /><span style="FONT-WEIGHT: bold">serviço:</span><br /><br />http://www.alberto.manguel.com/<br /><br /></div>Marcelo Fonsecahttp://www.blogger.com/profile/01310779337613290478noreply@blogger.com2