3/23/2009

Just A Fest - Radiohead



Eis que acontece o grande momento da noite. Depois de quase duas décadas de espera, finalmente o Radiohead sobe ao palco para delírio de rockeiros, indies e modernos em geral. Toda a estrutura montada no palco era belíssima, com destaque para as lâmpadas que pendiam do teto que coloriam o palco e o público e proporcionavam um interessante diálogo entre som e luz, criando um deleite sensorial irresistível. Os telões laterais ao invés de focar em apenas um membro da banda de cada vez, se dividiam e focalizavam os 5 integrantes, graças as camêras espalhadas pelo palco, e pegavam aqueles pequenos detalhes que nós não conseguíamos ver olhando de longe: ponto positivo mais uma vez para a produção artística do show, que conseguiu sair mais uma vez do óbvio. Thom Yorke até brincou com o público mexendo as sobrancelhas quando com a camêra deu em si mesmo um close nos olhos, enquanto era executada a música “You and whose army?”, que dedicou aos “Yankees” - quem disse que o Radiohead não pode ser politizado? O guitarrista Jonny Greenwood tem uma presença de palco incrível, não parando um minuto, andando, sacudindo o corpo, balançando a cabeça. Além disso, muitas vezes largava a guitarra para tocar pedais e sintetizadores, inclusive, um pequeno e portátil rádio FM muito usado na apresentação: sem dúvida um dos músicos mais criativos da atualidade. O show começou com a música “15 Step” do albúm mais recente da banda, “In Rainbows” mas pegou fogo mesmo com a terceira música “The national anthem”, que com sua forte marcação do baixo fez o público ir a loucura. No Rio de Janeiro, eles não tocaram, mas aqui em São Paulo ela estava presente: “Pyramid Song”, uma das músicas mais belas compostas no mundo pop até hoje, e uma das favoritas dos macacos presentes que assinam esta resenha. Neste momento percebemos um rapaz de óculos, mais ou menos um 1,80m cantando e chorando, realmente tocante. Na sequência vem “Karma police”, e é quando eles entram no universo do mais aclamado trabalho da banda, “Ok computer”, e percebemos que realmente a força do Radiohead está nas composições deste disco. Todos cantaram em coro, simplesmente lindo! As músicas variaram de acordo com os albúns e o set list principal terminou com “Idioteque”, música do disco “Kid A”, talvez o mais experimental e eletrônico da banda. O show se transformou em uma pista de dança, onde a marcação forte do bumbo ditava o ritmo do balançar de corpos. E assim termina o set list.
É o fim? Será? É óbvio que não! Após palmas e gritos de 30 mil pessoas, o Radiohead volta ao palco. Seria a primeira volta de mais duas que seguiram e desta vez eles vem com o ponto mais alto do show “Paranoid Android”, mais uma vez “Ok computer” na cabeça. Foi incrível ver a banda reproduzindo toda a atmosfera da música ao vivo e mais incrível ainda ver o público agindo com um sexto integrante da banda cantando a canção do começo ao fim e até mesmo após o fim, após toda a banda ter parado de tocar. Thom Yorke contínuou cantando a última estrofe juntamente com o público. Foi de arrepiar! Logo na sequência, “Fake plastic trees”, mais uma que eles não tocaram no Rio de Janeiro, onde preferiram tocar “How to disappear completely”. “You and whose army?” marca a segunda volta da banda ao palco, juntamente com “Everything in its right place”, “House of cards” e “True love waits”. O grand finale estava próximo e finalmente eles trazem a cena a primeira música do primeiro disco da banda, “Pablo Honey”, ao show. Sim, é esta mesmo que vocês estão pensando, quem passou a adolescência nos anos 90 já sacou, eles fecharam o show com “Creep”. Foi uma comoção, um coro ensurdecedor, “I’m a creep, I’m a weirdo. What a hell am I doing here...”, impressionante!
É discutível a banda terminar o show com Creep: para nós, os shows deveriam terminar com “Paranoid Android”, que com certeza foi a música mais esperada e aclamada da noite. Mas tudo bem, primeiro show no Brasil e nós esperamos muito tempo para ouvir “Creep” e nos sentirmos tão positivamente esquisitos quanto os membros do Radiohead. Sonho realizado. Inesquecível!

Um comentário:

  1. Sonho realizado [2]
    Inesquecível [2]

    *_*

    E ler essa resenha me fez lembrar do show, pedaço por pedaço e concluir que de longe, foi o melhor show que eu já fui!

    Demais!
    Não adianta! Essa banda é...
    Puxa! como eu gosto dela!

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