3/22/2009

Let Down



A não sei quantos anos, ouvi o The Bends do Radiohead. Desde então, a considero uma das bandas mais incríveis que conheço. Meu gosto musical variou muito desde então: na época, ovia Grunge e som de Seattle, passei pelo Death e Black Metal, pelo Hardcore-Punk, pelo som Lo-Fi dos 90, pelo Indie-Rock. Mas o Radiohead se manteve. Desde meus 14 anos, a música do Radiohead esteve passando pelo fio de cobre dos meus inúmeros fones-de-ouvido. Seus discos permaneceram na minha cabeceira. Na passada e quase remota época do CD, eles nunca saiam do prato do stéreo Aiwa que tinha em casa, nem daquele meu discman que tinha quando era boy de uma empresa lá no Itaim. Sentado ou em pé, nos ônibus e metrôs dessa cidade insana, mergulhava profundamente nas viagens sonoras de OK Computer e Kid A.
Ao contrário de quase todo o estabilishment do rock, o Radiohead prima pela camaleônica capacidade de se reinventar a cada álbum, experimentando novas nuances, novos climas, novos instrumentos. Enriquecendo cada vez mais a qualidade de um trabalho que é, só por sua sensibilidade, impressionante. A três meses, comprei o ingresso para o show de hoje, dia 22 de março. Não minto, foi um sonho realizado.
Sistemáticamente venho ouvindo os discos do Radiohead: o leque de sentimentos e a incrível capacidade de transformar em poesia e melodia experiências humanas cotidianas e absurdas é assustadora. A cada nova orelhada, coisas novas aparecem. Recentemente, redescobri o Amnesiac, álbum de 2001, que se transformou em um de meus favoritos.
Percebi que de acordo com minhas próprias experiências, os discos do Radiohead se transformavam. Isso me levou a uma pergunta: o que esta banda tem de especial? Acredito que por muito tempo, não soube responder. Agora, um pouco mais adulto, acho que comecei a descobrir: suas músicas me dizem algo profundo. Dizem algo que eu não sei colocar em palavras. Coisas que às vezes, de tão íntimas, tenho medo. Percebi que meu fascínio pelo som do Radiohead se aproxima do pavor. O pavor de saber demais sobre mim mesmo.

Para coisas assim, inventaram até um nome. Arte.


PS: a 6 mãos, a macacada irá produazir uma resenha sobre o show, sem esquecer, obviamente, do meu querido Krafwerk, e do ótimo Los Hermanos.

3 comentários:

  1. Eu sempre tive algo devéras especial com o Radio... Um amor desses que agente acha que é só nosso, que agente cuida, protege e sente ciumes... Desses que viramos um King Kong, quando ouvimos alguma critica negativa:
    Num instante fica tudo vermelho e você aciona o "Evil Mode", e tenta exterminar o emissor do comentário...
    Porque parece que cada música, cada trecho, cada composição, narra tudo o que você sente ou sentiu. É como falar mal de você.
    Queria esconder o Radiohead do mundo, guardar só pra mim. Tanto, que é dificil eu falar que Radio é uma das minhas bandas favoritas. É dificil considera-la como apenas uma banda...é "a menina dos meus olhos", aquilo com que eu tenho um carinho mais que especial!
    Mas ontem no show, percebi que um monte de gente, de um monte de lugar, com um monte de história diferente, compartilham esse mesmo carinho. E sabe?! não fiquei com ciumes. Descobri que era ali que se encontrava a mágica. Uma energia compartilhada por um monte de gente diferente. Sentindo a mesma coisa. 35 mil pessoas hipnotizadas, uma misselândia de sentimentos. Uma só banda.

    ResponderExcluir
  2. PS: Hahahah! revendo o texto percebi que em nenhuma das vezes que me referi a banda disse "Radiohead", mas sim, "Radio"... é a intimidade... aqueles apelidinhos que damos com o tempo,para o que amamos. É. É o amor...

    ResponderExcluir