4/16/2009

Louis Ferdinand Céline

(mais um dos  mestres da Apes no mês do livro)

Céline era um médico francês, viveu de 1894 a 1961 e escreveu alguns romances odiados e outros ensaios mais odiados ainda. Sua postura anti-semita, seu niilismo e sua invenção de um estilo de escrita, um francês mais próximo ao falado que ao literário, incomodavam. Este libertário nazista, gênio louco, admirável odioso autor foi um dos principais escritores do século XX.   

“Eu inventei uma língua anti-burguesia que cabia assim no meu propósito. Também porque há sentimentos que não poderia encontrar sem ela.” 

“Não, o argot (linguagem popular) não se faz com um glossário, mas com imagens nascidas do ódio (...) O argot se faz para exprimir os verdadeiros sentimentos da miséria.”

Meu primeiro contato com Céline foi Mort à crédit (Morte a crédito), seu segundo romance, publicado em 1936 (traduzido muitos anos depois para o português, numa edição um tanto difícil de encontrar). Na edição brasileira, são mais de 500 páginas, é um livro pesado. Pesado em todos os sentidos. Nestas páginas, coube uma vida inteira, uma vida miserável e suja, e há, em cada página, em cada dia, uma parcela da morte. Simplesmente porque o começo da morte é ao nascer. Coube então uma morte inteira, a do médico Ferdinand, e a infância desse médico, ou do próprio Louis-Ferdinand Céline, porque é impossível não relacionar o narrador-personagem do livro com o seu escritor (são muitos pontos em comum). Morte a crédito é o livro da desesperança e do desespero. Pelo seu conteúdo, pela (grande) quantidade de páginas, pela identificação, eu vivi este livro enquanto o lia.

 "Estamos aqui sozinhos. Tudo é tão lento, tão pesado, tão triste... Logo serei velho. E, enfim, isso acabará. Veio tanta gente aqui. Disseram coisas. Não me disseram grande coisa. Partiram. Ficaram velhos, miseráveis e lentos, cada um no seu canto do mundo.”

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