4/02/2009

Nona Conferência Internacional do Documentário

top.jpg

"O Documentário Engajado", é o tema da conferência que acontece desde ontem dia 01 de abril e termina amanhã dia 03. Evento paralelo do Festival "Tudo é Verdade" (em sua edição 14) que é referência no debate sobre a produção e difusão de documentários no país. Na abertura da conferência que ocorreu no Sesc da Avenida Paulista com um pequeno atraso, Amir Labaki criador do evento, nos saudou com boas vindas, passando a palavra rapidamente para Dora Mourão que fez a apresentação dos convidados. A mesa nesse primeiro dia era formada por Ana Amado, professora e crítica de cinema argentina e Michael Renov, professor da University of Southern California tendo como mediador o professor Eduardo Moretin.

O tema para esse dia era "Panorama Histórico do Documentário Político e Social". Na verdade foram duas longas falas dos estrangeiros, que primaram por um discurso acadêmico, carregado de formalismo. Para este que escreve, longo e cansativo. No caso da professora Ana Amado, destaco a apresentação que ela fez da "Vila 21", favela argentina que tem uma produção cinematográfica (tanto ficcional como de documentário), que me levou a pensar a apropriação de signos, e sua resignificação transcultural no século XXI. Já Renov, trouxe interessantes discussões acerca da forma do documentário no decorrer do tempo, e as mudanças que sofreu. Sua fala partiu da eleição de Barack Obama, mostrado em um video do Youtube onde ouve-se o audio trocado como o do famoso discurso de Martin Luther King Jr, "eu tenho um sonho". Prosseguindo, Renov comenta a viabilidade dos novos equipamentos digitais dialogando com a relação das lutas socio-politicas do passado que possibilitaram chegar ao video do Youtube citado a pouco. Toda sua palestra trouxe a tona o documentário como espaço de discussão das lutas sociais. Exibiu pequenos trechos de filme, como Black Panthers (Agnes Varda, 1968) e Tongues Untied (Marlon Riggs, 1990), pensando sempre o papel do documentarista que olha para a realidade de seu tempo. Apesar de uma linguagem um tanto pesada (a mim ignorante) ambas foram muito enriquecedoras.

A mesa da manhã do dia 2, contou com o professor, roteirista e cineasta argentino Patrício Coll, os cineastas e documentaristas Toni Venturi e Evaldo Mocarzel com mediação do crítico Ismail Xavier. Na verdade á parte das exposições individuais dos convidados, foi um grande bate papo com momentos descontraídos e divertidos. Mesmo que Evaldo e Toni tenham opiniões em alguns pontos, diametralmente distantes, questões importantes para o documentário atual foram explanadas por quem vive essas questões. Sob o tema "Denúncia e Intervenção: Questões Sociais no Documentário Contemporâneo", a conversa fluiu entre as questões de autoria, subjetividade, do documentário como um espaço de folga á parte do mass-media e um fôlego criativo num mundo que é asfixiado pela cultura de "Big-Brothers". Um ponto de concordância bem interessante entre os 3 foi o fato de encararem o documentário como um cinema que, nas palavras de Evaldo, "mimetiza o momento, mas não transforma a realidade imediata", abrindo o espaço para o pensamento, para a crítica e a fala daqueles que não tem espaço na mídia formal institucionalizada. Outro ponto interessante que foi bem explanado, foi o da questão da "fronteira"(se é que ela existe) do cinema documental e do de ficção, pensada a partir do momento atual que filmes como  "Batalha de Argel"" ou "Linha de Passe", se alimentam da linguagem (quase) documental para injetar verosimilhança em suas histórias. Na contramão comentou-se também de documentários que se amparam em "vanguardismos", beirando o video-arte para inovarem em sua estética. Muito foi falado, para além das palestras, mas não caberia no blog. Amanhã apresento o que aconteceu na última mesa., tendo em vista que perdi a terceira (sim, nós da Apes também trabalhamos).

Um comentário: