4/24/2009

O novo é o velho.


A indústria da música sempre foi muito confortável em relação ao poder que tinha sobre o artista e sua produção. Com o passar do tempo, e o surgimento de novas tecnologias, isso se transformou drasticamente a ponto de hoje vivermos o momento histórico de um possível colapso do cd e quiçá da própria indústria.

O computador doméstico, os processos de gravação que estão cada dia mais acessíveis, o mp3 e sobretudo a internet, diminuíram o abismo que se interpunha entre o músico e o ouvinte. Se anos atrás bandas degladiavam-se para ter exposição ou serem “encontradas” por alguém de alguma gravadora, suando para gravar uma fita demo, hoje qualquer garoto com alguns microfones e um computador razoável grava e disponibiliza via mesma máquina o material na internet. Salvo todos esses meus exageros, até mesmo o rádio, que cumpria função de trazer o “novo” perdeu seu status . Hoje na era da informação, para buscar música nova, gastam-se no mínimo alguns “clics de mouse”.

Com certeza isso desestabilizou as estruturas da indústria. Diz-se que um alto executivo, foi contra a disponibilização do cd em escala comercial pois isso era "entregar as matrizes de gravação”. De seu terror, vimos o sepultamento de gigantescas mega stores da música como a Tower Records. O cd-r que era a promessa de comodidade em armazenamento virou matriz de piratas. O que me deixa com uma pulga atrás da orelha, quando penso quem são os donos das empresas que produzem essas mídias e o discurso que se faz em relação ao hábito doméstico de fazer uma mera copiagem.

Se foi um tiro no próprio pé, o tempo pode dar mais respostas, fato é que, esse mesmo problema atinge na outra ponta do universo musical, os selos independentes. Foram os pequenos selos que muitas vezes apresentavam o espaço para músicos que não teriam como divulgar o que criavam. Hoje o mp3, que poderia ter sido um grande aliado tornou-se vilão desses selos que como os grandes barões, se enxergam na corda bamba a beira de perder a batalha.

O que se vislumbra é que artistas ligados às grandes passam por um momento de revisão de contratos. Ganha-se hoje para sobreviver de música, por apresentação ou direito autoral. Na outra alça, os independentes lutam para sobreviver, trazendo edições caprichadas, ou outras quinquilharias ligadas as bandas (camisetas, bottoms, etc). Basta dar um giro por qualquer site do indie rock ao hardcore punk, para perceber que quase todos tem um pequeno “shop” agregado. Ou se inventa novas formas ou o abismo torna-se profundo. Em meio esse fogo cruzado tecnológico, do atropelo do velho pelo novo, o que parece ser mais novidade é a valorização e o "retorno" do disco de vinil. Se aqui no Brasil a Polysom (única fabrica de vinil da America Latina) resistiu ate não mais poder e fechar de vez, na Europa e Estados Unidos o prensar em 7, 10 e 12 polegadas resistiu o tempo, aperfeiçoando o maquinário e trazendo lindas edições nas mais variadas formas. Recentemente a gravadora Deckdisc comprou a Polysom e tem investido em novas máquinas. Alguns artistas de grande porte, tem editado versões em vinil de seus discos (muito caro$$$ por sinal!), o que mostra que talvez uma tímida solução nessa avalanche de mudanças seja investir justamente no velho.

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