12/21/2009

Uma lista particular: os sete melhores discos de 2009 por Thiago Zati (parte 1)

Eu sempre gostei de listas. Sempre. Sou um colecionador fanático delas. Listas de livros; de filmes; de jogos. Separadas e ordenadas por anos, décadas, séculos. De melhores, de piores, de mais influentes, das maiores promessas. Existe lista para tudo. Para todos os gostos, sobre todos os temas.
Mas as listas que tratam de música sempre me foram especiais. Lembro-me da primeira vez que vi o filme Alta Fidelidade de Stephen Frears (beseada no romance homônino de Nick Hornby, que também virou uma peça de teatro por aqui, que eu assisti sob o nome de O Som e a Fúria). O personagem de John Cusack, Rob, compulsivamente desenvolve listas com seu amigo Berry dentro da loja de música que possui. Via suas discussões e pensava: “sim, eu também quero compilar listas”. Porém, qualquer um que goste de música seriamente sabe o quanto é difícil produzir uma boa lista.
Ouço música todos os dias. Quase o dia todo. Passo boa parte do meu tempo procurando álbuns, ouvindo coisas novas, registrando impressões. Virou um hobby. A internet tornou isso possível. Graças a ela, não preciso mais do Lado B de Fábio Massari para saber o que está acontecendo na cena musical de Glasgow. Hoje tenho no computador todos os discos do Mogway, do Arab Strap, do The Twilight Sad, entre outros. Porém a amplitude de informação e o acesso irrestrito traz consigo a dificuldade de selecionar, organizar e consumir esta toneladas de bits que enfio todos os dias no computador. Mas isso se tornou um prazer, e de certa forma, um vício.
Me propus assim criar uma lista com os 7 melhores discos de 2009, mais três que estão ali mas não chegaram; apenas por curiosidade. Busquei a ajuda de todas as boas publicações (e outras nem tão boas) de referência que conheço: a Rolling Stone, a NME, a Mojo, a Billboard, o Pitchfork, a Kerrang, a Uncut, a Metal Hammer, a Spin e a Last FM. Algumas eu quis consultar mas não pude por diversos fatores. Aqui, a Decibel é minha maior falha. Consultei estas e contrapus seus resultados com minhas escolhas pessoais para formar uma lista que tem como ponto de partida o meu gosto em particular, mas que levasse em conta o que estas publicações estavam dando como referência no que tinha se produzido neste ano.
Sendo assim, com humildade, lá vai. A listinha vai estar em duas partes, e vou publicar uma parte por dia.
Mais uma vez: este não é um post coletivo, é só minha opinião (pouco) balizada dos melhores discos de 2009, e não representa a opinião dos outros membros da Apes.
Como sempre, sujeito a todas as pedradas possíveis, e imaginadas de antemão.

7 - Dinosaur Jr - Farm




O Dinosaur Jr se formou em 1984 em Massachusetts a foi uma das mais influentes bandas da cena No Wave novaiorquina do fim dos 80 e início 90, juntamente com o Sonic Youth. Dois álbuns da banda são clássicos indiscutíveis de qualquer boa coleção de rock independente: You're Living All Over Me (de 1987) e Bug (de 1988). Mas a banda continua na ativa e em 2009 lançou o excelente Farm, primeiro disco pelo selo Jagjaguwar.
Joseph Mascis, principal compositor e guitarrista do grupo, produziu o disco e seu controle, é percebido em todo o álbum: Farm é, com toda a certeza, um disco do Dinosaur Jr; e esta característica o torna ao mesmo tempo, atemporal e datado; mas aí reside todo seu charme. É quase um disco dos anos 90 que saiu em 2009. Está tudo lá, inclusive na sensação que temos ao ouvir o disco: uma banda que resgata sua essência e que de maneira honesta, faz um trabalho incrível. O rock independente agradece.

6 - Baroness - Blue Record




O Baronnes é uma banda norte-americana surgida no Estado da Georgia. Com apenas 2 discos lançados (e mais 3 EPs), já conseguiram uma carreira bastante sólida no que ficou conhecido como a “nova” cena do heavy-metal norte-americano, bastante marcada pelas bandas de Nova Jersey como o Isis e o Mastodon. Praticando uma mistura de Sludge e Stoner, o Baronnes conseguiu criar uma musicalidade bastante particular, em que se denotam em especial as mudanças de andamento riffs marcados e peso na medida.
Em Blue Record, que saiu pela Relapse, o Baronnes consolidou em definitivo seu nome como uma das grandes bandas de metal da atualidade. John Congleton (produtor do album, que já tinha trabalhado com bandas de musicalidade aproximada como o Explosions in the Sky e o Black Mountain) fez tudo como devia: colocou as guitarras como o centro, dando ênfase também nos vocais, muitas vezes dobrados de John Baizley e Peter Adams.
A maior qualidade de Blue é sua capacidade de cativar: quando o disco acaba, dá vontade de ouvir de novo. Blue é um discão, de uma banda que ainda vai produzir muitos outros discos excelentes.

5 - Depeche Mode - Sounds of The Universe




Ah! Os pais do Synth Pop! Em 2005 os caras já tinham lançado Playng The Angel, que era um disco irrepreensível. Aí, em 2009, o Depeche aprontou. Sounds of The Universe é na minha opinião, o melhor disco da banda desde Violator, de 1990. Colocando novamente a experimentação e a incursão na música eletrônica como a tona, Sounds é um disco para se ouvir de uma tacada só. Nele, somos arremessados para a característica atmosfera escura, densa e sexista do Depeche Mode. Martin Gore, principal compositor da banda, mais uma vez vai fundo nas letras, abordando temas sempre recorrentes nas suas composições: o medo, o sexo, o prazer, a dor, o amor. E é na criação dessa atmosfera esmagadora mas ao mesmo tempo bela, que o Depeche Mode se destaca.
O disco não tem nenhuma musica menor, mas eu aponto um destaque: Peace é uma das melhores músicas da história da banda, e seu videoclipe é absolutamente fantástico. Pra mim, o melhor video do ano.
Como fã dessa que é uma das mais importantes bandas em atividade (se não a banda mais importante) faço aqui votos para que David Gahan vença o cancer.

5 comentários:

  1. 7 discos para quebrar o paradigma dos top 10. O Dinosaur Jr está aí pq senão a listinha ia ficar só no coraçãozinho, né?

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  2. A 1 ano e meio o Thiago, de fato, faz parte da minha vida. E neste 1 ano e meio, quantas listinhas foram-me apresentadas por este mesmo Thiago, viciado em listas? Não sei, perdi a conta. Foram listas e mais listas, sob diversos temas, porém sempre com grande recorrência na música. Nada mais justo, visto que se este Thiago é um viciado em listas, mais viciado ainda ele é em música. Viciado do tipo que baixa em menos de um mês 45, 46 discos? é isso? Devo ter errado com certeza, e pra baixo. A questão é que o mocinho ai sabe do que fala, com relação a música ao menos, porque como fã da música que é, e não de um tipo dela em determinante, estuda, escuta e procura sempre conhecer o que está rolando de novo por ai, tendo, porém, uma boa bagagem do que já aconteceu de melhor na história desta.
    O que dizer? Neste um ano e meio conheci através deste mesmo Thiago, bandas incríveis, como o Dinossaur Jr, e metade do que escuto hoje é influência direta, deste mesmo gaiato.
    Sendo assim, sou meio suspeita pra comentar sobre a lista. Hahahha suspeita em todos os sentidos. Ainda acho, porém, que o Depeche merecia uma melhor posição. Diferentemente do Dinossaur Jr, o amor que tenho por esta banda já existia antes de nos conhecermos, e talvez, foi uma das pontes desta aproximação. Esperamos ansiosamente a chegada do Sounds; eu achei tudo lindo, desde a voz do Gahan até a "arte" da capa ( jogo de pauzinho), você não: achou a capa feia. Aguardo o resto da lista já com um protesto- não vou fingir que desconheço o resto da lista- E o Zeitgeist? Hahaha! Fazer o que?! Fã é fã!

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  3. PS: Eu nem sou prolixa, viu? Hahahaha!
    E pra corroborar com a afirmativa acima: CADÊ O ZEITGEIST! Eu Protesto! :P

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  4. Barry: Holy shit. What the fuck is that?
    Dick: It's the new Belle and Sebastian...
    Rob: It's a record we've been listening to and enjoying, Barry.
    Barry: Well, that's unfortunate, because it sucks ass.


    HAHAHAHAHAHAHAHAHHAHA

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