4/29/2010

A politicagem no Twitter: aparência ou transparência?


Já não é mais novidade para ninguém a importância da internet como ferramenta de articulação política. Dos blogs ao Twitter, de jornalistas à políticos, todos estão de alguma forma ligados na internet e suas redes sociais. Em 2007 participei de uma pesquisa em grupo, que tentou mapear e entender o uso das novas tecnologias na ação política e em 2008 fiz uma pesquisa individual para tentar entender se a internet poderia ser uma possibilidade para a revitalização da esfera pública e consequentemente o aumento da participação política (mais detalhes entre em contato comigo). Todas essas pesquisas me levaram a reflexões interessantes sobre o uso da internet, e quando o Twitter me foi apresentado em meados de 2009, a princípio não vi a ferramenta com bons olhos, pois me parecia muito mais uma vitrine para auto-promoção do que uma ferramenta informativa de interação (Como os blogs costumavam ser). Com o passar do tempo, e o uso constante, descobri que o Twitter é tanto uma coisa, quanto outra, pois é uma ferramenta e cada um a usa como quer. Mas o que mais me espantou foi o fato de muitos políticos aderirem a ferramenta, e deste modo, ficarem cara a cara com seus eleitores, o que pode ser muito perigoso para a maioria deles. Sendo as redes sociais ferramentas de interação, estes políticos ficariam expostos a uma enxurrada de perguntas e críticas, e em alguns casos teriam que prestar contas a população. Mas conforme fui analisando a forma como estes políticos usam o Twitter, percebi que havia um problema, o princípio da interação foi deixado de lado e só a auto-promoção era o objetivo.
Quando pensamos em redes sociais a primeira idéia que temos é de proximidade, de achar ou sentir que há uma proximidade entre locutor e interlocutor, isso dá uma certa sensação de segurança e confiabilidade, é o que todo eleitor busca em sua relação com o seu representante. Mas na prática a coisa funciona diferente, pois a confiabilidade que surge através da transparência em relação as idéias, propostas e um possível debate com este político não existe. O que existe é aparência, é a sensação de que isso é possível, quando na realidade não é pois, eles vão contra este princípio básico das redes sociais, que é a interação. Fiz algumas perguntas, questionei algumas coisas, para alguns de nossos representantes e para minha surpresa, nunca obtive resposta. Eles transportam para o Twitter, a velha lógica paternal do "Eu falo e você escuta". Não há diálogo, sendo assim, não há proximidade e nem confiança, o Twitter se transformou em um "santinho" virtual que pode ser atualizado 24 horas por dia.
Faça o teste, entre no site Politweets, que tem uma lista de todos os políticos que estão na rede, siga alguns deles e tente dialogar. Já que eles estão numa rede social, vamos tentar fazer com eles entendam que as regras são claras e que sem interação, a participação deles nestas redes é totalmente dispensável.

Cartoon retirado do blog: http://mesquita.blog.br/

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