3/28/2009

Acendam! Acendam!


O chato da vez fala mal da “Hora do Planeta”

Algumas coisas me deixam realmente fulo. Uma dessas coisas é, vejam só, a hipocrisia. E para mim, a tal da “Hora do Planeta”, realizada hoje, com grande apelo popular e midiático, é uma das coisas mais hipócritas que atualmente existem por aí. Aliás, quase todo o discurso pró-natureza, está permeado e corrompido pela hipocrisia. Não passa, marxisticamente falando (vejam só o anacronismo!) de ideologia, ou seja , uma falsa suposição.

Podem me perguntar: mas por quê? Afinal de contas é uma iniciativa louvável: num primeiro momento, dizem seus defensores, trata-se de economia de energia, porém, a questão de fundo está na conscientização das massas, na iluminação da turba.

Respondo: não há capitalismo com culpa. O capitalismo, em sua acepção histórica e concreta, é um processo descabido de super-ego. Não há possibilidade de haver empresas conscientes, consumidores moderados, desenvolvimento sustentável. Nossa sociedade passa por uma crise ambiental, e isso é fato. Porém sua solução não está apenas num apagar de lâmpadas. Está sim na radicalização do questionamento ao capitalismo da forma como o conhecemos. Isso aqui não é, nem de relance, uma apologia a bobagens atreladas a revolução proletária, ou qualquer uma destas bobagens proto-comunistas que estamos cansados de ver e ouvir. De jeito nenhum. É apenas um manifesto. Um manifesto pessoal que aponta um dedo na cara das grandes corporações, e que aponta outro para esta ideologia liberal que vai colocar na mão de indivíduos responsabilidades que não tem. Eu não serei responsável por mais essa bomba. Não é meu laptop, meu ipod e meu chuveiro elétrico que destroem o mundo. A parcela do consumo pessoal de energia no mundo é mínima. Façam uma pesquisa pra saber quanta energia se gasta produzindo aço para a indústria militar, ou para a indústria automobilística, que repõe seus carros a velocidade da luz, e mesmo assim estão ruindo. O consumo massificado e infinitamente multiplicado é resultado e fundamento do capitalismo financeiro. Não vou assumir mais esta responsabilidade, pois, em sua imensa proporção, ela não é minha. Nessa hora, petróleo foi extraído, moedas foram trocadas, guerras foram travadas. A conscientização proposta pela “Hora do Planeta” não passa de embuste. A discussão é maior, mais difícil e mais séria.

Querem economizar energia? Uma crise global sem precedentes está aí, desacelerando a economia mundial em provavelmente mais de 3% este ano. Este será a maior economia de energia da história do mundo desde a recessão dos anos 70.

Tratar de questões tão importantes de forma tão superficial só significa uma coisa: irresponsabilidade. Eu prefiro sair da caverna.


2 comentários:

  1. Oi Thiago.
    Adorei o seu 'manifesto'. Meu nome é Susanna Vigário, sou estudante de jornalismo e estou escrevendo uma reportagem sobre o assunto e queria que você me desse permissão para utilizar o seu texto. Por favor envie uma resposta para este email: susanna.textos@gmail.com

    Obrigada!

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  2. "Tratar de questões tão importantes de forma tão superficial só significa uma coisa: irresponsabilidade. Eu prefiro sair da caverna."
    cada um tem sua visão.Se a sua foi superficial. mal ae :) a culpa não é minha.

    a questão é muito maior do que apenas "apagar das lâmpadas":"Porém sua solução não está apenas num apagar de lâmpadas."
    e sim, a união de uma massa imensa em torno de todo o planeta.

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