Embarque
Muito bem amigos. Não tenho muito tempo.
Estou neste exato momento na casa da minha irmã a fim de escrever alguma coisa no blog apes. Inaugurar minha participação nesse coletivo editorial de amigos. Antes de tudo, obrigado pelo convite.
Algumas idéias tinha separado na minha suja casa no bairro de Santana, mas deixei todas escritas na escrivaninha no meu quarto. Deveria tê-las separado, e num momento oportuno utilizado de um pedaço de papel, tê-las trazido no bolso da calça para escrever e poder dividir com vocês. Já que não fiz, vamos às vias de fato.
As ideias vêm e vão, recobro as memórias e tento alinhá-las num discurso minimamente inteligível e organizado. Mas é difícil. Repasso as linhas escritas nada me satisfaz, apago tudo, volto a escrever e mais linhas vão sendo alinhadas umas atrás das outras como fileiras de formigas africanas. Apago tudo como se pisasse nessas formigas, ou como se um exercito de elefantes, zebras, rinocerontes, alces, girafas e afins, passassem numa turba descontrolada destruindo tudo ao redor, inclusive as formigas, ou melhor, as linhas mal escritas.
Volto ao primeiro parágrafo, tentando escrever algo que me contemple. Vou secretando letras, palavras, linhas umas na sequência das outras e dá-lhe insatisfação e raiva. Um labirinto de palavras, sentimentos e memórias. Os lugares por onde passei não consigo traduzi-los em palavras e as paisagens vistas se tornam amorfas e sem vida. Refaço os pergaminhos escritos, os lavo com doses extras de raiva e talho novamente. Nenhuma satisfação depois de horas de escritas e quilos de palavras reproduzidas. Leio os clássicos, retorno ao editor de texto. Me refaço de memória, lavo meu corpo com idéias e paisagens pretéritas. Mulheres, alucinógenos, dinheiro, álcool, futebol, livros, ciência, filosofia. Quiçá, escolha algum destes temas e possa utilmente construir algo por simples prazer. Poderia, e deveria escrever sobre comida, ou sobre as diversas formas que já tenha ingerido os líquidos mais insossos do planeta, ou quem sabe, sobre os cachorros ou gatos, quem sabe sobre ácaros, baratas, rastros de ratos nas ruas molhadas de sereno durante uma noite qualquer.
Escrever é uma tarefa de arte para alguns, para outros, como eu, significa uma tarefa altamente autoritária e ditatorial da minha personalidade para com meu corpo e atenção. Tem de se ter ordem, ser rigorosamente organizado e tentar vomitar algo útil a mim mesmo. Que possa ser uma ordenação explícita de minhas memórias.
Por hora, me sinto satisfeito e um tanto envergonhado por disponibilizar e socializar alguns de meus questionamentos.
Até, amigos.
Desembarque
3/19/2009
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