3/20/2009
SMS
Ele olha para cima: queixo apontado para o céu. Olhos semi-cerrados tentando se proteger do sol. A parede que se levanta na sua frente tem tijolos com cor de barro. Intransponível. Enorme. Tenta, mas não vê seu fim. Parece que se ergue até o céu cor-de -laranja. Aqui os dias terminam mais cedo. Não há horizonte. Uma sombra alongada sobre a planície de areia. A imaginação vai longe. Um camundongo se debate entre a parede e a vassoura. Percebe um ranger de dentes. Sua mandíbula dói. Só se ouve o barulho do vento, assobiando por entre as frestas invisíveis. Não há portas, e ele perdeu as chaves. Um bip seco no celular, ele põe a mão no bolso:
Mensagem recebida: “Sinto sua falta”.
A reação é imediata. Pára, de súbito. As pessoas passam e nem percebem. Ninguém ouve. Ele segura o telefone com força. Uma torrente indefinida de palavras e sentimentos. Um choque mental. Ele olha para a tela com suas luzes coloridas. A respiração se alonga. um segundo, duas horas? Os olhos se fecham mais uma vez. Ele guarda o telefone. É dia claro, mas vai chover. Ele tem certeza. Nos ouvidos, explode uma canção só sua.
Foto: Thiago Zati
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