3/18/2009

Você não odeia a cidade, é ela quem odeia você!

Mais um fim de tarde com dilúvio na terra da garoa. Não seria bem um dilúvio como aquele do noé com a arca, mas apenas uma chuva de uma ou duas horas no máximo. O suficiente para se instaurar o caos e o desespero na cidade de São Paulo. Em meio a carros parcialmente cobertos na zona leste, pessoas desabrigadas na zona sul, barcos do corpo de bombeiros nas principais avenidas da zona norte e pessoas ilhadas na zona oeste, temos o trânsito. Quilometros e quilometros do mais puro roncar de motores sem movimento, apitar de buzinas nos mais diversos tons, e stress, muito stress. Voltar para casa em dias de chuva é no mínimo uma tarefa para super-heróis (deixem meu hífen aqui!) muito bem preparados ou para aventureiros que desbravam a cidade a lá Indiana Jones.
E os comentários das pessoas nas ruas: "Isso é tudo culpa das autoridades que não desentopem os bueiros!", "A culpa é do povo que não tem educação, e joga lixo na rua", E o melhor, os comentários da classe média universitária (Principalmente os estudantes de ciências humanas), neo-pseudo-hippies e que vive preocupados com a saúde do globo: "Essa cidade não tem mais jeito não, eu quero é ir morar na praia ou no campo, odeio a cidade grande". Será que isso faz algum sentido? Quando pensamos nos problemas das grandes cidades como: enchentes, engarrafamentos, violência urbana, falta de habitação, etc. Não podemos esquecer que estes problemas são nossos problemas, nós os criamos e não a cidade. O caos instaurado em São Paulo em virtude das chuvas é apenas uma reação a forma como nos relacionamos com o espaço público, quando o tranformamos em uma lixeira céu aberto, como lidamos com a modo de produção e com a economia, enfim, como vivemos. Os problemas que temos com o trânsito, existem porque você mora em uma casa com 3 pessoas e tem 4 carros, na garagem, ou algo do tipo. Sendo assim, quem deveria odiar quem? A cidade só nos dá de volta o que damos a ela, só que ela concentra toda a nossa estupidez e a transforma em transtorno contra nós mesmos. Então antes de odiar a cidade, comece a odiar a si mesmo, que a cidade agradece!

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