4/21/2009

Dois lados da mesma moeda

Irã e Israel como farinha do mesmo saco



Acima, Ahmadinejad faz seu discurso a ONU

Quando eu e mais um grupo de amigos começamos a APES, a idéia era transformar a revista e este blog em uma espécie de fórum particular: aqui, nossos interesses, idéias e pouco talento poderiam estar colecionados e articulados, criando condições para que nossas opiniões pudessem ser espraiadas e debatidas.

Por algum tempo relutei em escrever algumas palavrinhas sobre política: achava descabido. Mas as vezes, questões surgem, e, ao mesmo tempo, criam a necessidade infinita de marcar uma posição, de apontar um dedo em uma direção. De fazer - porque não? - uma ou duas perguntas.
No último dia 20 de abril, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, em conferência na reunião anti-racismo nas Nações Unidas, fez um discurso onde afirmou que Israel era um país racista. Em meio as declarações, mais de 40 embaixadores europeus deixaram o pavilhão onde ocorria a cerimônia, em protesto as palavras do iraniano. No discurso, Ahmadinejad afirmou que europeus e norte-americanos colaboraram para deixar os palestinos sem pátria depois da Segunda Guerra Mundial.
A defesa de Israel foi imediata e fulminante: em crítica aberta, declarou que Ahmadinejad era um anti-semita que negava a possibilidade da existência do Estado de Israel, e que estas declarações faziam eco a opiniões anteriores: a negação, por parte do presidente do Irã, da ocorrência do holocausto.
Ahmadinejad não é santo, nem arauto da idoneidade ou da justiça. Pelo contrário, é uma figura odiosa, limitada e pedante. Mas este é um flagrante caso do sujo falando do mal lavado. Israel é um Estado religioso, e afirma isto em sua constituição, assim como o Irã. Seus primeiros ministros declararam para quem quer ouvir a impossibilidade da existência dos palestinos enquanto povo, assim como o Irã faz com Israel. Os líderes palestinos negam veementemente a subjugação que promovem do povo palestino, assim como Ahmadinejad nega o holocausto dos alemães contra o povo judaico. A lista é infinita.
Israel e Irã são faces da mesma moeda, onde a religião, a incoerência e o ódio são mercadorias de troca corrente e amplamente aceitas. Mas neste ocorrido, um fato torna-se ainda mais perturbador: a vergonha do Ocidente. A mácula deixada pela Segunda Guerra Mundial ao povo judeu é uma mancha que tapa as possibilidades de uma posição firme da comunidade internacional às reiteradas ações de Israel ao povo Palestino. A minha pergunta é: quanto destes embaixadores europeus que deixaram a reunião sobre racismo nas Nações Unidas, questionaram os líderes Israelenses sobre a guerra assassina promovida por Israel aos Palestinos entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009? Minha posição aqui é clara: a defesa dos palestino precisa ser feita com melhores argumentos. Mas nunca em silêncio.

Abaixo, pequeno documentário sobre as ações de Israel em Gaza

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