4/08/2009

Ernest Hemingway


Esse mês tem o dia internacional do livro. Pensando nisso a APES, que tem uma tímida produção própria nesse mundo fugaz da virtuália, fala de seus mestres.

Ernest Hemingway foi correspondente de guerra, jornalista, participou das brigadas internacionais, na Guerra Civil Espanhola. Já foi chamado de "indestrutível". Sobreviveu a tiros, bombas, mordida de leão, duas quedas de avião, ao câncer de pele, malária, a uma escotilha na cabeça, a caçadas de tubarão, a quatro casamentos. Sentiu o frio e o calor. Escreveu com o coração e sabedoria. Deixou clássicos da literatura universal conhecidíssimos no mundo todo. Entre eles “O sol também se levanta”, “Adeus às armas”, “ O velho e o mar” e tantos outros. Como poucos, soube desenvolver um estilo próprio. Conciso, direto, “econômico” como já falaram. Falou de temas que chamam atenção de todos: morte, amor, solidão, com afiado senso do homem que se transforma continuamente.


Comento aqui sua ultima obra e o que senti. Hemingway já velho, encontra no porão de um hotel por onde passou, duas malas suas que ficaram guardadas por mais de 20 anos. Dentro delas recortes de jornal, roupas e antigas anotações dos anos 30. Inspirado, escreve o livro exercitando uma de suas melhores qualidades, a memória. Lembro de ter lido essa obra por acaso. Herdei-o junto com outros livros que ficaram comigo nos trânsitos da vida, de pessoas que vem e que vão. Li-o em uma semana. Vindo de um “Trópico de Câncer” de Henry Miller. Impossível não conectar as vivências, os lugares, os endereços dessa Paris, para mim até hoje apenas imaginada. O que me ficou foram os sabores, o inusitado do dia a dia, os cheiros, os amigos (Fitzgerald, Pound, Stein), as duvidas, e os prazeres de uma vida simples, oposta a tudo que viveu e consagrou em sua obra. E que se tornou o meu favorito por mostrar beleza numa vida comum, quase ordinária.


"Quando as pessoas defrontam o mundo com tanta coragem, o mundo só pode quebrá-las matando-as, e por isso, é claro, mata-as. O mundo quebra toda a gente, e depois muitos ficam mais fortes no lugar da fractura. Mas àqueles que não consegue quebrar mata-os. Mata os muitos bons, os muito doces, os muito corajosos, imparcialmente. Se não sois desses, também vos há-de matar, mas nesse caso não será particularmente apressado.”

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