9/21/2009

Stanza & The Emergent City

Seguindo o debate crítico proposto por Thiago Cutovoi aqui na semana passada, creio ser importante pensar sobre rumos e acontecimentos em todos as esferas que os Apes da equipe se atrevem a meter o bedelho. Apresento uma adaptação minha de um texto de Luciana Gonçales, médica e estudante de Artes. As opiniões expressas no blog nem sempre arrebanham a opinião do coletivo, e sinceramente não damos a mínima com as discordâncias (inclusive entre nós mesmos). Com isso deixo a pergunta: Arte pode ter a internet como plataforma de criação?


“tento criar algumas obras de arte visual informatizadas pela análise crítica dos espaços da cidade.”

Stanza desenvolve seu trabalho com base em instrumentais tecnológicos. Muitas de suas obras são interativas sendo montadas como espaços de rede, instalações e performances. Ele também faz uso de plataforma virtual on-line, exibindo parte do que produz na Internet. Alguns de trabalhos foram apresentados no Victoria Albert Museum, na Galeria Tate Britain, no Mundo Urbano de Madrid, no Pavilhão New Forest Artsway, no Museu Haifa de Israel e no Festival de Exposições Novosibirsk. Também ganhou inúmeros prêmios desde meados dos anos 2000.

Seus trabalhos se orientam pelo rearranjo de bases de dados de forma interativa, onde as peças convidam o espectador a desenvolver uma ação direta com a obra. Muitas delas se estabelecem sobre arquivos de determinados mapas de dados, e desenvolvem interessantes “pinturas” virtuais, amparadas por interfaces de som, fundos multi-facetados que fragmentam-se, remodelando-se com o contato com o espectador. Esses dados de segurança, de tráfego e ambientais são alguns exemplos, para conceitos que o fazem pensar as relações entre os homens e dados de informação e a relação entre espaço virtual e real. Parte deles apresentam-se na Internet, onde as saídas das interfaces e visualizações podem ser realizadas em tempo real. Dessa forma, sua arte estabelece diálogo e entrecruza a arte, a ciência e a tecnologia de forma instigante.

Stanza explica que seu trabalho se desdobra em três vertentes. A primeira é a coleta, a segunda é a visualização e, em seguida a exibição. Onde segundo o próprio: “tento explorar a dinâmica de mudança da vida da cidade como uma fonte de criatividade e criação artística significativas metáforas. Uso de novas tecnologias e integro às obras da nova mídia para domínio público como parte dessa investigação em curso sobre a visualização do espaço da cidade”.

A referida investigação é o projeto “The Emergent City”, com o qual tornou-se bolsista do AHRC (The Arts and Humanities Research Council). A cidade emerge através de sons, movimentos humanos, poluição, vibrações e barulhos quotidianos, que são captados através de sensores, gravadores e outras tecnologias para serem reformulados e readaptados em forma metafórica pelo autor, que tenta provocar reflexões sobre a vida no espaço urbano.

House Runtime é uma que sintetiza bem as propostas de Stanza. Á partir do momento que a página se abre, somos apresentados a algumas formas circulares, que vão tomando características “celulares”, parecem plasmar um mar branco enquanto aos poucos uma trilha de sons quotidianos evoca um estourar, um pipocar dessa estranha forma de vida. As cores vão surgindo, ao mesmo tempo que um estranho mapa vai se delineado na tela. Números de coordenadas de sonho (que deduzo não serem aleatórios) vão surgindo. Na página algumas pequenas ilhas vão brotando e ao clicar do mouse estabelece-se a interação onde tanto imagens como trilha sonora são se transformando, em uma dança sem fim evocando o incontrolável ritmo da cidade. A obra ainda lista no canto da página, algumas palavras que podem ser clicadas e estabelecem relação de efeito com o que ocorre na imagem, a escolha das palavras (Simplicity, Complexity, Audacity, Elasticity, Toxicity, Chronicity, Tenacity, House e Electricity)exprimem claramente o caráter de urbanidade e um tipo de crítica metafórica deixada para quem se dispõe a interagir.
O web-site do autor é repleto de suas criações que nos apresentam as mais variadas e sofisticadas criações artísticas amparadas pelo suporte virtual. A impressão que fica é de que, por mais abstrato que possa parecer a Internet é um campo amplo e frutífero para o desenvolvimento de obras. Seja como meio, seja como ferramental. Apresentam-se também desafios uma vez que é necessário decodificar certos caminhos técnicos para a execução de idéias, por outro lado desafio é uma palavra extremamente prazerosa de se ouvir quando aliada à possibilidades ilimitadas.

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