O Meant to Suffer é um desses casos. Com duas demos e um período relativamente pequeno de existência, conseguiu provar que é possível desenvolver riffs interessantes, energia, e tornar atrativo um estilo musical que parece ser reduzido á formulas e construções óbvias. O grindcore parece ser muito propício a isso, pois vindo do hardcore-punk e com a muleta que o faça-voce-mesmo pode se tornar, muitos redundam-se a preguiça sem ousadia nas criações. Não é uma, mas são centenas as bandas mundo afora que só rearranjam ad-infinitum riffs em músicas idênticas, soando todas iguais e daí para diante.
Com a facilidade da Internet é simples baixar, ouvir, assistir o vídeo da banda e clonar uma estética, tentando agregar-se a um nicho ou estilo.
A demo em questão chama-se “Hiatus”, que casa perfeitamente com a temática desolada e deprê das letras. Sendo meio contraditório/sarcástico esse “hiato” (silêncio) praticamente não existe na audição dessa demo. No trabalho anterior o MTS executava de forma sublime um grindcore cru, com riffs não metálicos, muito mais hardcoreanos. Muito preciso como Assück mas ainda lembrando antigos momentos do Napalm Death. Por outro lado a forma de tocar, o estilo pessoal de cada um dos 4 cria uma “assinatura” da banda que a destaca entre tantas que querem ser o novo Pig Destroyer, o novo Brutal Truth...
A voz/guitarra de Alcir tem muita personalidade e junto da guitarra de Luiz fazem toda diferença por costurar, e fazer soar a banda como uma máquina. Nada sobra, tudo parece estar encaixado de uma forma que se percebe foi bem tramada, pensado em ensaios repetidos e analisados. As novas composições investem em diálogos com novas expressões do metal sem perder o pique. Existem ritmos mais lentos, mais cadenciados, partes menos diretas, mas ainda assim a banda consegue fazer tudo isso soar muito coeso. Nos apresentando climas soberbos que nos "envolvem" nesses temas, como se fosse um passeio de montanha-russa.
E aí que percebemos as músicas novas, como evolução das mais antigas. Completando o time, a dupla Gus e Rodolfo é perfeita sendo alicerce firme. Baixo e bateria vão erguendo um muro. Não como separação, mas como estrutura firme. É partindo dos dois, que vai se percebendo a banda como um construto, onde as melodias mais elaboradas e estratégicas podem desfilar, aparecer mais para os apreciadores e aficcionados do estilo.
A demo está disponível para download liberado e gratuito aqui . No myspace deles também existe o link para a demo anterior, altamente recomendada. A gravação de ambas não transmite 1% do que a banda é, não por desleixo deles, mas pelo próprio formato não comportar tudo que eles podem experimentar com mais horas de estúdio. Isso acaba sendo uma deixa, para se prestigiar a banda aparecendo nos shows onde tocam sempre excelentes e impactantes.
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