10/09/2009

Meant to Suffer

Os membros da Apes sempre se metem a dar opinião e colocar o bedelho em algo. Somos caras cheios de idéias, de bom gosto, quem nos acompanha sabe... Além disso, esse grupo de pessoas, ou “networking”, comporta um outra esfera mais estendida que são os amigos de amigos, que se tornam próximos em empreitadas (também conhecidas como roubadas) realizadas pela nossa gangue. Dá muita satisfação dessa forma quando se percebe o amadurecimento do trabalho de parceiros, e quando se dá conta do avanço em curto período.

O Meant to Suffer é um desses casos. Com duas demos e um período relativamente pequeno de existência, conseguiu provar que é possível desenvolver riffs interessantes, energia, e tornar atrativo um estilo musical que parece ser reduzido á formulas e construções óbvias. O grindcore parece ser muito propício a isso, pois vindo do hardcore-punk e com a muleta que o faça-voce-mesmo pode se tornar, muitos redundam-se a preguiça sem ousadia nas criações. Não é uma, mas são centenas as bandas mundo afora que só rearranjam ad-infinitum riffs em músicas idênticas, soando todas iguais e daí para diante.

Com a facilidade da Internet é simples baixar, ouvir, assistir o vídeo da banda e clonar uma estética, tentando agregar-se a um nicho ou estilo.



É por ir na contramão que sempre apreciei-os. A banda é basicamente sediada em Araras, interior de São Paulo. O interior paulista é histórico por ser celeiro de tantas bandas extremas. O Meant to Suffer é um exemplo disso, basta regatar que o vocalista Alcir foi membro do “Hinfamy” lendária banda de grindcore da região. De lá pra cá ele vem sempre se dedicando a expressão mais pesada e ensurdecedora do hardcore.

A demo em questão chama-se “Hiatus”, que casa perfeitamente com a temática desolada e deprê das letras. Sendo meio contraditório/sarcástico esse “hiato” (silêncio) praticamente não existe na audição dessa demo. No trabalho anterior o MTS executava de forma sublime um grindcore cru, com riffs não metálicos, muito mais hardcoreanos. Muito preciso como Assück mas ainda lembrando antigos momentos do Napalm Death. Por outro lado a forma de tocar, o estilo pessoal de cada um dos 4 cria uma “assinatura” da banda que a destaca entre tantas que querem ser o novo Pig Destroyer, o novo Brutal Truth...

A voz/guitarra de Alcir tem muita personalidade e junto da guitarra de Luiz fazem toda diferença por costurar, e fazer soar a banda como uma máquina. Nada sobra, tudo parece estar encaixado de uma forma que se percebe foi bem tramada, pensado em ensaios repetidos e analisados. As novas composições investem em diálogos com novas expressões do metal sem perder o pique. Existem ritmos mais lentos, mais cadenciados, partes menos diretas, mas ainda assim a banda consegue fazer tudo isso soar muito coeso. Nos apresentando climas soberbos que nos "envolvem" nesses temas, como se fosse um passeio de montanha-russa.

E aí que percebemos as músicas novas, como evolução das mais antigas. Completando o time, a dupla Gus e Rodolfo é perfeita sendo alicerce firme. Baixo e bateria vão erguendo um muro. Não como separação, mas como estrutura firme. É partindo dos dois, que vai se percebendo a banda como um construto, onde as melodias mais elaboradas e estratégicas podem desfilar, aparecer mais para os apreciadores e aficcionados do estilo.

A demo está disponível para download liberado e gratuito aqui . No myspace deles também existe o link para a demo anterior, altamente recomendada. A gravação de ambas não transmite 1% do que a banda é, não por desleixo deles, mas pelo próprio formato não comportar tudo que eles podem experimentar com mais horas de estúdio. Isso acaba sendo uma deixa, para se prestigiar a banda aparecendo nos shows onde tocam sempre excelentes e impactantes.


Serviço:



aperto de botão (fotos): Marcelo Fonseca

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