2/02/2010

Para continuar rebelde e sorrindo

Semana passada, faleceu de ataque cardíaco Howard Zinn. Historiador, cientista político, ativista, uma importante voz contra a Guerra do Vietnã e direitos civis nos Estados Unidos. Zinn, lutou na Segunda Guerra Mundial, foi trabalhador braçal, e chegou a universidade depois dos 27 anos de idade através de um programa do governo americano para veteranos de guerra. Publicou muitos artigos, sempre se colocando contra a opressão e o abuso de poder. Foi parceiro de Noam Choamsky e lançou uma obra fundamental para se entender os Estados Unidos "A People's History of the United States", que chegou a vendagem de 1milhão de exemplares. Conseguiu como poucos fundir, ativismo, vida acadêmica e posições políticas, sendo acima de tudo um otimista que não se rendeu ao cinismo e ao amargor.



A primeira vez que li algo a seu respeito foi no início dos anos 2000, através do encarte da banda hardcore-política de Seattle, Trial. As letras da banda faziam críticas ferrenhas ao capitalismo, no momento que aconteciam as discussões do G7, e ações do movimento anti-globalização. No encarte do disco, trechos de pensadores, e artistas que influenciavam a banda, pareciam completar o sentido das letras, Zinn estava entre eles. Pouco depois pela internet fui lendo artigos, textos, entrevistas e tendo conhecimento sobre suas posições e idéias.

Algo que sempre me chamou atenção (e não á toa, pois também sou historiador) foi sua posição de valorizar o cidadão comum, os revolucionários anônimos, os lutadores do dia a dia. Não só esteve atento como documentou muito disso através dos métodos da história oral. Ele como poucos sabia que a real transformação acontecia, nos processos, que muitas vezes são ignorados pela academia, na teia social do quotidiano. Era no cidadão comum, no ordinary people, que se poderia ver os verdadeiros protagonistas, e agentes da história.

Perda irreparável, mas se o pensador se vai ficam seus ensinamentos...

A L-DOPA, selo de hardcore-punk de Curitiba, transmutou-se em editora e lançou "Você não pode ser neutro num trem em movimento - Uma história pessoal de nossos tempos", com ótima tradução de meu amigo Nils Skare. O livro é mais que uma auto-biografia, é um retrato crítico de um tempo. Onde Zinn nos fala sobre suas memórias, louvando aqueles que conheceu e admirou. Um livro muito bonito, de leitura fácil e crítica afiada e que serve não só ao conhecimento, mas um sopro de ânimo, para que continuemos nos rebelando... com sorriso no rosto.



Serviço:

2 comentários:

  1. Puta merda! Saudades desse rolê curitiba punk sxe de 2000/01... Não vejo o Nils desde essa época aí...
    Cara, a gente tá velho mesmo. =)
    bjo

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  2. Marcelo.

    Eu tbm sou um leitor e admirador do trabalho do Zinn.

    Matenho o blog http://howardzinnemportugues.blogspot.com/
    onde publico material em português relacionado ao Zinn.
    abraço
    maikon k
    www.vivonacidade.blogspot.com

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