1/28/2010

Syd? No; Salinger. R.I.P.


Hoje, Salinger morreu. Centenas de publicações e blogs no mundo todo correram para dar a notícia. Num segundo momento, muitos buscaram algo em seus textos - em especial, em “O Apanhador no Campo de Centeio”, sua obra mais famosa - para explicar as razões de sua reclusão e o significado de sua obra.
No meio desta tormenta de informações e memórias, busquei o meu Salinger particular.
Tenho 27 anos, e lí O Apanhador no Campo de Centeio com 17. Sim, o livro é brutal. Sim é um clássico. Sim, todos os jovens devem lê-lo, devagar, esmiuçando a vida em Nova York de Holden Caulfield após sua expulsão do colégio. Porém, me perguntei: porque li Salinger com 17 anos? O que me moveu a isso? Acho que encontrei duas razões importantes, um relativa a obra, e outra relativo ao autor.
O Apanhador é um livro maior que seu tempo. Aliás, maior que seu autor. Visto como pornográfico e trangressor, sua leitura tornou-se quase cult entre a juventude que anseia pelo marginal, pelo excuso e pelo desajuste. O peso da obra, marcado em especial pela linguagem empregada por Salinger, está no fato de sua não pretensão: ao invés das transgressões sexuais e morais dos beatniks, Salinger coloca todo o peso dramático da sua obra em um aluno da escola, seus problemas de sociabilidade, suas incursão na cidade. Nada mais.
O próprio autor tornou-se uma figura à parte. Recluso desde 1965, buscou o anonimato. Porém, encontrou seu exato oposto: vivendo sua vida em completa reclusão, tornou-se uma espécie de guru para aqueles que o leram. Esta imagem fortaleceu aquilo que Salinger mais repudiou na vida: a ideia de que poderia servir de modelo, que teria “algo a dizer”. Seus leitores, em especial nos anos de 1970, tornaram o nome de Salinger uma marca iconoclasta. E essa sombra o perseguiu até a morte. A imagem que ficará de Salinger, infelizmente, não é apenas a de um autor e seus textos; também tornou-se produto.

Sendo assim, a trilha para seu Réquiem só pode ser de Syd Barret, de quem Salinger comunga uma história quase gêmea.

Um comentário:

  1. "O apanhador no campo de centeio" que livro bonito, rebelde e depressivo. Marcou uma fase muito legal da minha vida. Minha fase emo hahahaha, ok estou com vergonha agora.

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