4/22/2010

"Amigas pero no mucho" ou falando um pouco sobre teatro...



Só para adiantar o expediente, não sou nenhum perito. Já assisti uma meia dúzia de montagens de clássicos com atores anônimos, umas realmente muito boas. Outras que vi, foram com globais, o que confesso foi uma lástima. Pelo exagero da montagem, e pelo "público tv" que vai lá como fã para ver o ídolo e não assistir uma dinâmica diferente de se contar uma história. Mas aí é aquilo né, o povo é educado, os jovens ouvem funk no celular pendurado no pescoço. ..
Teatro é um lance meio louco, entre apreciadores, público e habitués tem uma coisa meio estudante da ECA, meio Artes do Corpo da PUC. Que (SALVO UM DESCOMUNAL PRECONCEITO MEU) todo mundo é mutcho loco, super desinibido, prafrentex, descolado, cool e no fim das contas chato pra caralho. Gente que usa echarpe, sandália, macacão de frentista de posto de gasolina. Recomendo um rolezinho básico pela Roosevelt em noites de apresentação para confirmação.
Além disso, existe o nicho dos "conceituais"....uns filhos bizarros e incestuosos do Zé Celso, uma coisa de ficar rolando no chão, insinuando uma sexualidade exagerada, de sentar no seu colo e oras bolas, interação o caralho, eu pago para assistir, fosse para participar tinha escolhido outra profissão. Ainda que se fale muito de orgia e por mais atrativo que possa parecer, sempre beira a falta de higiene. Nessas me vi numa apresentação baseada num texto de Antonin Artaud...A unica coisa que posso dizer é que foi pura porralouquice. Não que eu seja tremendamente reaça,, beleza, nem toda arte é para se entender. Mas as pessoas confundem retardo mental, texto qualquer nota, interpretação torta, com genialidade que convenhamos é para poucos. Pior que fui verde, não conhecia o homem (o Antonin) depois me foi passado um livro sobre o cidadão, para ver se o macaco aqui conseguia decodificar a mensagem. Lamento. Depois de ler e ver que tem umas ligações com fezes, drogas, hospício, arreguei, prefiro continuar um neanderthal-acadêmico mesmo.
Isso dito, dia desses recebi o convite para assistir "Amigas pero no Mucho" no Teatro do Shopping Frei Caneca. Os convites vieram numa promoção muito legal, de um grupo de telefonia (jabá o caralho!!) que apoiando a peça, manda os convites a pessoas cadastradas grátis. Chegando lá, pego os convites, o teatro super legal, abri o programa e vi que a peça contava a história de 4 mulheres e que foi escrita por uma mulher. A trama conta uma tarde, na vida das personagens que são interpretadas por quatro caras. Parei. Pensei. Vai ser uma merda.
Toca a campainha, baixa a luz, abre a cortina. Um pianista no canto solta uns teminhas e fará isso até o fim da peça, até mesmo tendo uma interação interessante. Entram os 4 caras. Sem afetação, vestidos de preto, "machos" acima de qualquer suspeita se descontarmos o salto alto. Não sei se falei, mas a peça é uma comédia. Apresentações feitas, cada um pega sua peruca, as roupas tem umas trucagens muito simples que "transformam" as roupas em trajes femininos.
Confesso, começou devagar. Ri com minha companhia, numas de não fazer desfeita, mas não é que a peça engrenou? Fui sacando uma sutileza de história meio incômoda. De rir de coisas sérias, não por cinismo, mas por perceber que tudo é muito introjetado socialmente a ponto de sendo sérias parecem ser bestas. A trama trata e fala dos dilemas da mulher de nossos tempos, de sua feminilidade, de maternidade, de envelhecimento, de carência, afeto, amor, sexo, de profissão e relações de trabalho com um deboche ferino. E os caras, mandam bem, caricaturas á parte, cumprem o papel e fazem o que bons atores fazem: te iludem. E fazem tão bem a ponto de rolar uns improvisos bem divertidos (nada a ver com improvisos sem graça que estão na moda).
Dado momento me pego pensando se as quatro mulheres são uma o reflexo da outra em momentos diferentes pois as personagens tem 30, 40 e 50 anos. Mas, isso é piração minha (ou não). Ao que parece a peça fica em cartaz mais alguns dias. Procure saber a operadora de telefonia que tem a promoção (pois eu nao vou dizer) e vá de grátis. Se quiser conferir você poderá ver que das duas uma, ou sou chato pra cacete, ou a peça realmente tem algo dizer.

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