10/01/2009

Breve reflexão a respeito do futebol.

Sou apaixonado por futebol e costumo acompanhar aqueles programas do tipo "mesa redonda" que cobrem as rodadas dos campeonatos nacionais. Nesta última quarta feira, eu assistia a um programa desses e um dos assuntos que estava em pauta na mesa de discussão era a respeito de uma festa que aconteceu no Esporte Clube Corinthians Paulista, em comemoração aos 99 anos de existência do clube. A polêmica toda girava em torno de um vídeo encomendado pela diretoria do clube, onde dois personagens batiam uma bolinha; um era o Gavião, simbolo não-oficial do Corinthians e o outro era um veadinho bem parecido com o famoso personagem da Disney, o Bambi, óbviamente vestindo uma camisa branca com listras horizontais preta e vermelha. A pergunta em questão era: Faltou ou não faltou ética ao Corinthians ao fazer e apresentar o vídeo? Esse tipo de provocação deve ou não ser feita? etc. A partir daí começaram todos a falar sobre postura ética, fair play, potencialização da violência entre torcidas, entre outras coisas. Mas toda discussão tomou um corpo extremamente conservador, porque os dinossauros-comentaristas, não conseguem entender que a violência entre torcidas, ética e fair play, não tem nada a ver com a rivalidade e a provocação entre clubes e torcedores.
O futebol é um dos esportes mais emocionantes, justamente pela liberdade que todos os envolvidos com ele tem (ou tinham) de provocar os adversários, zoar com os perdedores, etc. Não tem a ver com violência. As causas da violência entre torcidas são outras, talvez máscaradas por este discurso de senso comum, mas definitivamente são outras.
O conservadorismo no futebol vem crescendo desde quando os clubes se constituíram como empresas privadas, e o tal "boleiro", passou a ser um atleta-funcionário da empresa. A ascensão do capital esportivo configurou a morte da mágia do esporte.
Em um mundo conservador, políticamente correto, onde a biopolítica reina, é impossível concebermos jogadores tipo Dr. Sócrates, que dava entrevista fumando um cigarro após a partida e revolucionou a história do futebol com o movimento "Democracia Corinthiana" nos anos 80, ou Paulo César Caju que divulgava o ideário dos Black Panthers no meio futebolísticos nos anos 70. Porque agora o futebol é dos Kakás, Alexandres Patos, Caios (agora comentárista), entre outros bons moços. Edmundos, Romários, Vampetas e Edilsons não terão mais vez. Assim como na nossa sociedade cada vez mais chata, cada vez mais passiva e sem agitação ou qualquer tipo de enfrentamento, o futebol está se tornando um esporte sem graça, onde nem mesmo as piadas comuns entre torcedores e clubes estão tendo espaço sem que dezenas de pseudo-entendedores começem a apontar o dedo e dizer que: "Está errado, é anti-ético!". Anti-ético é transformar tudo em business, embalar e vender nossas paixões para nós mesmos, transformando-as em inofensivas.

Segue abaixo o vídeo em questão.

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