4/14/2010

Breve reflexão a respeito das pulseiras do sexo.


Adolescentes estão sempre surgindo com modas novas como uma forma de construir sua identidade e se encaixar em determinados grupos. Algumas destas modas surgem como coisas específicas para grupos específicos, mas vez ou outra, surgem coisas que podemos observar em quase todos eles, e atualmente as pulseiras coloridas ou pulseiras do sexo podem ser vistas nos pulsos de 8 em cada 10 adolescentes de 13 à 18 anos.
A polêmica criada em torno destas pulseiras, tem a ver com a descoberta, tardia diga-se de passagem, do significado de cada uma delas. Cada cor está relacionada com uma prática sexual, que vão do simples abraço ou beijo no rosto, ao sexo oral e outras coisas mais.
Assim que o significado das pulseiras se tornou público, não demorou muito para a mídia tradicional, a mídia de internet, os pais assustados e as escolas preocupadas, começarem a execrar as tais pulserinhas. Casos de estupro e moléstia sexual começaram a ocorrer, tudo vem sendo atribuído as pulseiras, e o último destes casos foi uma menina de 13 anos que foi estuprada no Paraná por 4 rapazes, inclusive um maior de idade. A partir daí as pulseiras começaram a ser proibidas em muitas escolas e baladas "teen".
O que me surpreende nesta história toda é o fato de atribuirem as pulseiras, a conduta sexual precoce dos adolescentes. Será mesmo que meninas de 12, 13 anos engravidando tem a ver com o uso de pulserinhas? Será que o estupro de pré-adolescentes tem a ver com o uso de pulserinhas? Ou será que a sexualização exacerbada da nossa sociedade é responsável por isso?
Não quero fazer um discurso conservador do tipo pró-celibato, que também vem se tornando comum entre alguns jovens. Acho apenas que devemos refletir a respeito do quanto nós adultos, somos responsáveis por essa sexualização exacerbada e o quanto a mídia, principalmente a televisiva, que adora criar bruxas novas para serem caçadas todos os dias, também tem uma enorme parcela de culpa nisso. Se os adolescentes começam a descobrir a sexualidade cada vez mais cedo, é porque o ambiente em que eles vivem é extremamente sexualizado. Nossa sociedade é sexualizada, a publicidade nos bombardeia com sexo, assim como a TV, as revistas, a música, etc. Estupradores são estupradores, não precisam interpretar signos para cometer o ato, mas devemos levar em consideração que na sociedade em que vivemos, as práticas violentas contra as mulheres ainda são extremamente aceitáveis, mesmo com a Lei Maria da Penha, ou garotos de 17, 18 anos que agarram e beijam garotas a força em muitas micaretas que acontecem por ai, também não estão cometendo crime sexual?
Então antes de começar a caçar as falsas bruxas materializadas em simples acessórios coloridos, devemos refletir a respeito de como estamos introduzindo o sexo na vida dos jovens. Quem são as referências que eles tem e como se relacionam com o sexo. Ou acabaremos caindo na armadilha bizarra do discurso celibatário, reforçado por artistas bizarros como os "Jonas Brothers", ou na também bizarra precocidade sexual das crianças. Nem uma coisa, nem outra, o sexo, importante como é, deve ser tratado de forma responsável e de preferência com clareza, para que a vida sexual desses jovens não seja marcada por traumas.

4 comentários:

  1. Ótima reflexão, Viny!
    Objetos não têm vida, via de regra (rs), e não são responsáveis pelas atrocidades "civilizadas"!
    Quem tem coragem de discutir e transformar os estímulos da sexualidade vulgar que tanto aparecem "naturalmente" nos meios de comunicação e outros recantos sociais?
    Enfim, se vende e rende, aceita-se (infelizmente!).
    Parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. O caso das tais pulseiras era, até pouco tempo, um fato isolado na Inglaterra, onde, de fato, o acessório era utilizado por adolescentes num jogo que envolvia sexo. Aqui no Brasil, a pulseira era utilizada como um mero acessório, sem conotação sexual, como apurou tardiamente uma série de reportagens sobre o assunto. No entanto, a imprensa, mais uma vez, presta um desserviço à sociedade quando torna público o jogo britânico, incentivando, aqui no Brasil, a conotação sexual do acessório. Afinal de contas, notícias que envolvem sexo vendem bastante, haja vista que sempre estão entre as mais acessadas nos portais noticiosos da internet. A mídia, enfim, disseminou o uso sexual da pulseira, vendida há tempos aqui no Brasil sem essa conotação sexual, reforçando a prática britânica e, assim como fazem as novelas, influenciando no comportamento das pessoas. Vale tudo para vender notícia?

    ResponderExcluir
  4. Muito bom o texto, e pelo jeito Adriano Rangel, sim vale tudo pra vender nóticia, nossa mídia é bizarra e o comportamento do povo brasileiro segue essa tendência obscura e sem nexo, desenhos não podem ter sangue, porque incita violência novela liberado ator semi nu, e mulheres de biquini jogando conotação sexual nos olhos de nossas crias.
    Vejo o povo brasileiro como um rebanho que se inflama por qualquer coisa minuscula e adora fazer escandalos, porque? porque a mídia vende escanda-los os cria os publica os vende, e não se importam com o resultado colateral que isso pode gerar.
    Muito bom o texto, estarei repassando ao máximo de pessoas possível.

    ResponderExcluir