3/31/2009
Patrulha do Macaco
Mataram, torturaram, e estão engordando as nossas custas.
Dominamos o polegar opositor, deixamos de andar de quatro mas a história se reescreve? A memória se apaga?
A Apes não recebeu o convite da festa,mas sacou o cinismo. Esperamos que ela seja feita num "bunker", assim se fizer barulho a gente não morre de vergonha (ou represália), e se a balada explodir em bomba não temos que sentir o fedor de merda.
3/30/2009
isn't that true?
Eu pessoalmente gosto muito desta aí em cima. A proposta dos caras do "Half a Conversation" é simples. Muito simples. Talvez o que todo mundo já tenha pensado em fazer mas... não fez. Enfim, o site vende as camisetas com frases por preços honestos e acessíveis (se você é pago em dólar, claro) e levando em consideração que as camisetas são super bem feitas, as frases são boas e o formato de catálogo é super legal, achei conveniente falar sobre eles. Para visitar o site e quem sabe fazer uma comprinha, acesse: http://www.halfaconversation.com, k? K!
3/28/2009
Acendam! Acendam!
O chato da vez fala mal da “Hora do Planeta”
Algumas coisas me deixam realmente fulo. Uma dessas coisas é, vejam só, a hipocrisia. E para mim, a tal da “Hora do Planeta”, realizada hoje, com grande apelo popular e midiático, é uma das coisas mais hipócritas que atualmente existem por aí. Aliás, quase todo o discurso pró-natureza, está permeado e corrompido pela hipocrisia. Não passa, marxisticamente falando (vejam só o anacronismo!) de ideologia, ou seja , uma falsa suposição.
Podem me perguntar: mas por quê? Afinal de contas é uma iniciativa louvável: num primeiro momento, dizem seus defensores, trata-se de economia de energia, porém, a questão de fundo está na conscientização das massas, na iluminação da turba.
Respondo: não há capitalismo com culpa. O capitalismo, em sua acepção histórica e concreta, é um processo descabido de super-ego. Não há possibilidade de haver empresas conscientes, consumidores moderados, desenvolvimento sustentável. Nossa sociedade passa por uma crise ambiental, e isso é fato. Porém sua solução não está apenas num apagar de lâmpadas. Está sim na radicalização do questionamento ao capitalismo da forma como o conhecemos. Isso aqui não é, nem de relance, uma apologia a bobagens atreladas a revolução proletária, ou qualquer uma destas bobagens proto-comunistas que estamos cansados de ver e ouvir. De jeito nenhum. É apenas um manifesto. Um manifesto pessoal que aponta um dedo na cara das grandes corporações, e que aponta outro para esta ideologia liberal que vai colocar na mão de indivíduos responsabilidades que não tem. Eu não serei responsável por mais essa bomba. Não é meu laptop, meu ipod e meu chuveiro elétrico que destroem o mundo. A parcela do consumo pessoal de energia no mundo é mínima. Façam uma pesquisa pra saber quanta energia se gasta produzindo aço para a indústria militar, ou para a indústria automobilística, que repõe seus carros a velocidade da luz, e mesmo assim estão ruindo. O consumo massificado e infinitamente multiplicado é resultado e fundamento do capitalismo financeiro. Não vou assumir mais esta responsabilidade, pois, em sua imensa proporção, ela não é minha. Nessa hora, petróleo foi extraído, moedas foram trocadas, guerras foram travadas. A conscientização proposta pela “Hora do Planeta” não passa de embuste. A discussão é maior, mais difícil e mais séria.
Querem economizar energia? Uma crise global sem precedentes está aí, desacelerando a economia mundial em provavelmente mais de 3% este ano. Este será a maior economia de energia da história do mundo desde a recessão dos anos 70.
Tratar de questões tão importantes de forma tão superficial só significa uma coisa: irresponsabilidade. Eu prefiro sair da caverna.
Patrulha do Macaco
Tempo de vacas magras. Fim de tetas de gordas. Tempos de turbinadas.
Não sei por onde, mas a pergunta que fica é: onde a abastada paulistanada vai comprar sua novissíma Louis Vitton de inverno? Com o prende e solta da titia Lili, fica complicado... perda de canal dos bons!
Proponho solução: contrabando da China de produtos réplicas piratas. Direto, sem escalas. Sem hipocrisia. Ninguém vai saber a diferença mesmo.
Ver um empreiteira do porte da Camargo Correa no banco dos réus é algo no mínimo, misterioso... Pergunta: quem rompeu o elo da corrente? Quem será que disse o que não devia? Será que esse cara, no melhor estilo máfia de Chicago anos 30, já foi jogado num buraco e concretado, tranformando toda esta história em um grande bloco cinza chumbo?
A Camargo Correa deve ser, com certeza, uma das maiores mamatas da história desse país. A perda dessa teta deixou muita gente triste. Mais certo como o dia de amanhã: Logo logo, arrumam outra... fácil, fácil...
A inserção de diversos partidos políticos de expressão nacional, da Federação Comercial, e de tantas outras figuras estreladas desse nosso Brasil varonil, deixam apenas uma certeza: vão jogar uma pá de cal nessa história pra ontem.
Ninguém falou, ninguém comentou: andam caindo turbinas de avião em casas por aí. Cuidem das cabeças!
Liniers
Há alguns anos, achei uns cartões postais numa lojinha
3/27/2009
Yatta
Japão: produzindo o melhor e o pior do mundo desde 1952.
Dica de Blog
3/26/2009
Entre os muros da escola - resenha
Eu sou professor. Não faz muito tempo, mas sou. Dou aula para adolescentes. Para mim a escola nunca foi um romance. Sei o que posso fazer, e até onde posso ir. Sei das limitações. Nunca romantizei a relação aluno – professor. Nunca quis ser santo padroeiro de ninguém. Sou um intelectual, e gosto muito de dividir e aprender com quem se interessa. No cinema, a questão, porém, é outra: o professor é sempre uma figura desprendida do mundo, com um grande amor pela profissão, onde sua relação com os alunos se transforma em missão de fé. “Entre os muros da escola”, filme do diretor Laurent Cantet e ganhador da palma de ouro no festival de Cannes ano passado, retrata a escola nua, quase visceral. François Bégaudeau, autor do livro que deu origem ao longa, interpreta a si mesmo no filme na pele do professor Marin, que claramente tem dificuldades em lidar com os adolescentes que encara todos os dias. Talvez, esta seja a maior mágica do filme: Marin é um professor ruim. Ele está longe de ser brilhante, articulado, ou mesmo, esperto. Os alunos, em compensação, são o retrato da juventude. Está tudo presente: as roupas, celulares, o sexo, a revolta, o preconceito. Os adolescentes são da periferia de Paris, mas podiam ser da periferia de São Paulo. A escola também tornou-se um não-lugar: ao mesmo tempo que não possui identidade, é identificável em toda parte.
Em algumas resenhas, li que o filme era uma “visão francesa sobre o choque de civilizações”, “um filme sobre a tolerância”: tudo blá blá blá, conversa que escamoteia a realidade. Pretensão de intelectualizar demais uma relação simples, cotidiana e cruel. “Entre os muros da escola” é um filme sobre a realidade de uma escola qualquer, de um professor qualquer, e de um aluno qualquer. Não existem heróis. Não existem bandidos. O que existe é apenas a crueza cinza chumbo do mundo: seus conflitos, suas idiossincrasias, e, porque não, sua beleza.
E o melhor está no final: a sala de aula vazia vale por mais de mil palavras.
Frutos Apesianos
3/25/2009
Chapeuzinho vermelho for nerds!
Aproveitem!
Slagsmålsklubben - Sponsored by destiny from Tomas Nilsson on Vimeo.
Como destruir de um ovo de Páscoa e trazer à tona boas lembranças da infância
Mais Radiohead - "15 Step" ao vivo do show em São Paulo
3/23/2009
Just A Fest - Radiohead
Eis que acontece o grande momento da noite. Depois de quase duas décadas de espera, finalmente o Radiohead sobe ao palco para delírio de rockeiros, indies e modernos em geral. Toda a estrutura montada no palco era belíssima, com destaque para as lâmpadas que pendiam do teto que coloriam o palco e o público e proporcionavam um interessante diálogo entre som e luz, criando um deleite sensorial irresistível. Os telões laterais ao invés de focar em apenas um membro da banda de cada vez, se dividiam e focalizavam os 5 integrantes, graças as camêras espalhadas pelo palco, e pegavam aqueles pequenos detalhes que nós não conseguíamos ver olhando de longe: ponto positivo mais uma vez para a produção artística do show, que conseguiu sair mais uma vez do óbvio. Thom Yorke até brincou com o público mexendo as sobrancelhas quando com a camêra deu em si mesmo um close nos olhos, enquanto era executada a música “You and whose army?”, que dedicou aos “Yankees” - quem disse que o Radiohead não pode ser politizado? O guitarrista Jonny Greenwood tem uma presença de palco incrível, não parando um minuto, andando, sacudindo o corpo, balançando a cabeça. Além disso, muitas vezes largava a guitarra para tocar pedais e sintetizadores, inclusive, um pequeno e portátil rádio FM muito usado na apresentação: sem dúvida um dos músicos mais criativos da atualidade. O show começou com a música “15 Step” do albúm mais recente da banda, “In Rainbows” mas pegou fogo mesmo com a terceira música “The national anthem”, que com sua forte marcação do baixo fez o público ir a loucura. No Rio de Janeiro, eles não tocaram, mas aqui em São Paulo ela estava presente: “Pyramid Song”, uma das músicas mais belas compostas no mundo pop até hoje, e uma das favoritas dos macacos presentes que assinam esta resenha. Neste momento percebemos um rapaz de óculos, mais ou menos um 1,80m cantando e chorando, realmente tocante. Na sequência vem “Karma police”, e é quando eles entram no universo do mais aclamado trabalho da banda, “Ok computer”, e percebemos que realmente a força do Radiohead está nas composições deste disco. Todos cantaram em coro, simplesmente lindo! As músicas variaram de acordo com os albúns e o set list principal terminou com “Idioteque”, música do disco “Kid A”, talvez o mais experimental e eletrônico da banda. O show se transformou em uma pista de dança, onde a marcação forte do bumbo ditava o ritmo do balançar de corpos. E assim termina o set list.
É o fim? Será? É óbvio que não! Após palmas e gritos de 30 mil pessoas, o Radiohead volta ao palco. Seria a primeira volta de mais duas que seguiram e desta vez eles vem com o ponto mais alto do show “Paranoid Android”, mais uma vez “Ok computer” na cabeça. Foi incrível ver a banda reproduzindo toda a atmosfera da música ao vivo e mais incrível ainda ver o público agindo com um sexto integrante da banda cantando a canção do começo ao fim e até mesmo após o fim, após toda a banda ter parado de tocar. Thom Yorke contínuou cantando a última estrofe juntamente com o público. Foi de arrepiar! Logo na sequência, “Fake plastic trees”, mais uma que eles não tocaram no Rio de Janeiro, onde preferiram tocar “How to disappear completely”. “You and whose army?” marca a segunda volta da banda ao palco, juntamente com “Everything in its right place”, “House of cards” e “True love waits”. O grand finale estava próximo e finalmente eles trazem a cena a primeira música do primeiro disco da banda, “Pablo Honey”, ao show. Sim, é esta mesmo que vocês estão pensando, quem passou a adolescência nos anos 90 já sacou, eles fecharam o show com “Creep”. Foi uma comoção, um coro ensurdecedor, “I’m a creep, I’m a weirdo. What a hell am I doing here...”, impressionante! É discutível a banda terminar o show com Creep: para nós, os shows deveriam terminar com “Paranoid Android”, que com certeza foi a música mais esperada e aclamada da noite. Mas tudo bem, primeiro show no Brasil e nós esperamos muito tempo para ouvir “Creep” e nos sentirmos tão positivamente esquisitos quanto os membros do Radiohead. Sonho realizado. Inesquecível!
Just A Fest - Kraftwerk
Os alemães do Kraftwerk entraram na hora marcada e durou cerca de uma hora. A importância histórica da banda é inquestionável: são simplesmente os pais da música feita no computador, e faziam isso antes da existência do computador pessoal. A formação atual conta com Ralf Hutter (único membro da formação original que se iniciou com um duo), Fritz Hilpert, Henning Schmitz e Stefan Pfaffe. A postura da banda é absolutamente inerte: quatro figuras, em pé, com seus laptops praticamente não esboçam expressão alguma. Porém, faz parte do show: o Kraftwerk sempre primou por ser uma espécie de “1984” da música: existe algo de muito crítico na fusão máquina e homem como exposta pelo grupo, que torna-se um quase paradoxo quando Man Machine explode nos falantes e os integrantes são substituídos por robôs. De maneira bizarra, estes interagem mais com o público e apresentam mais movimentos que os próprios músicos. A apresentação foi irrepreensível, tendo um apelo visual incrível. Ver o show é uma experiência sinestésica, onde as imagens exibidas no telão, de maneira ritimada e intercalada com as sessões musicais, levam o espectador a sentir as canções. O público do festival foi ganho pela pirotecnia do show. A maior parte dos presentes não estavam lá para ve-los, porém a qualidada da apresentação e a sensação de estranhesa com a mistura de sons e imagens foi, aos poucos ganhando os presentes. Ao final, foram muito aplaudidos. Sem sombra de dúvida, as “Men Machine”, “Tour de France”, “Radioactivity” e "We are The Robots" foram os grandes momentos do show.
Just A Fest - Los Hermanos
Após cerca de um ano de hiato o Los Hermanos voltaram aos palcos para uma apresentação única no festival, cuja atração principal era o Radiohead. Era perceptível a ansiedade de muitos fãs da banda barbuda para este show, e por volta das 18hs eles subiram ao palco. Tocaram apenas músicas dos 3 últimos discos e todos os quase-hits como, “Todo carnaval tem seu fim”, “O vencedor”, “Último romance”, “Cara estranho”, entre outras.
Mas a disposição dos Hermanos parecia não ser a mesma de outros tempos. Foi um show esquisito, onde pareceu que a banda não estava tão a vontade no palco tocando suas velhas canções. Apesar das tentativas de Amarante dizendo: “Alegria, alegria!” e Camelo dizendo: “Tá lindo ver todo mundo junto aqui!” o Los Hermanos parece ser uma ex-banda agora. Técnicamente o show foi perfeito, mas espiritualmente parece que os queridos barbudos estavam em outro mundo.
Just a Fest - a Macacada na Meca Indie
Por Viny Rodrigues e Thiago Zati
E a macacada foi ao tão esperado Just a Fest. Radiohead, Kraftwerk e Los Hermanos era quase um sonho! Para não falar nos rumores tempos atrás sobre Sigur Rós e Portishead, que infelizmente, não se realizaram. Mas a Meca indie/ eletro tinha local e data: Chácara do Joquei, dia 23 de março de 2009. O lugar vêm recebendo grandes shows a algum tempo devido em especial a falta de espaço para eventos deste tipo na cidade. Este, talvez tenha sido o ponto negativo de todo o festival: a organização foi muito falha: desde o imenso trânsito para se chegar ao local, a falta de sinalização e estacionamentos adequados, passando pelo terreno e altura do palco, que impossibilitava todos os presentes de assistirem confortavelmente o show, até mesmo ao final das apresentações com a saída confusa de todos os presentes.
Porém, com relação as formalidades técnicas das apresentações, não houveram problemas: o som estava muito bom (apesar da ausência de graves mais altos no show do Kraftwerk), todo o aparato de efeitos funcionou sem problemas, inclusive os telões das laterais e do centro do palco.
Vamos então ao que interessa: aos shows!
Disney Fucking Tricks
Animação
3/22/2009
Let Down
A não sei quantos anos, ouvi o The Bends do Radiohead. Desde então, a considero uma das bandas mais incríveis que conheço. Meu gosto musical variou muito desde então: na época, ovia Grunge e som de Seattle, passei pelo Death e Black Metal, pelo Hardcore-Punk, pelo som Lo-Fi dos 90, pelo Indie-Rock. Mas o Radiohead se manteve. Desde meus 14 anos, a música do Radiohead esteve passando pelo fio de cobre dos meus inúmeros fones-de-ouvido. Seus discos permaneceram na minha cabeceira. Na passada e quase remota época do CD, eles nunca saiam do prato do stéreo Aiwa que tinha em casa, nem daquele meu discman que tinha quando era boy de uma empresa lá no Itaim. Sentado ou em pé, nos ônibus e metrôs dessa cidade insana, mergulhava profundamente nas viagens sonoras de OK Computer e Kid A.
Ao contrário de quase todo o estabilishment do rock, o Radiohead prima pela camaleônica capacidade de se reinventar a cada álbum, experimentando novas nuances, novos climas, novos instrumentos. Enriquecendo cada vez mais a qualidade de um trabalho que é, só por sua sensibilidade, impressionante. A três meses, comprei o ingresso para o show de hoje, dia 22 de março. Não minto, foi um sonho realizado. Sistemáticamente venho ouvindo os discos do Radiohead: o leque de sentimentos e a incrível capacidade de transformar em poesia e melodia experiências humanas cotidianas e absurdas é assustadora. A cada nova orelhada, coisas novas aparecem. Recentemente, redescobri o Amnesiac, álbum de 2001, que se transformou em um de meus favoritos.
Percebi que de acordo com minhas próprias experiências, os discos do Radiohead se transformavam. Isso me levou a uma pergunta: o que esta banda tem de especial? Acredito que por muito tempo, não soube responder. Agora, um pouco mais adulto, acho que comecei a descobrir: suas músicas me dizem algo profundo. Dizem algo que eu não sei colocar em palavras. Coisas que às vezes, de tão íntimas, tenho medo. Percebi que meu fascínio pelo som do Radiohead se aproxima do pavor. O pavor de saber demais sobre mim mesmo.
Para coisas assim, inventaram até um nome. Arte.
PS: a 6 mãos, a macacada irá produazir uma resenha sobre o show, sem esquecer, obviamente, do meu querido Krafwerk, e do ótimo Los Hermanos.
3/21/2009
Radiohead
A Futilidade dos Desejos Humanos
3/20/2009
SMS
Ele olha para cima: queixo apontado para o céu. Olhos semi-cerrados tentando se proteger do sol. A parede que se levanta na sua frente tem tijolos com cor de barro. Intransponível. Enorme. Tenta, mas não vê seu fim. Parece que se ergue até o céu cor-de -laranja. Aqui os dias terminam mais cedo. Não há horizonte. Uma sombra alongada sobre a planície de areia. A imaginação vai longe. Um camundongo se debate entre a parede e a vassoura. Percebe um ranger de dentes. Sua mandíbula dói. Só se ouve o barulho do vento, assobiando por entre as frestas invisíveis. Não há portas, e ele perdeu as chaves. Um bip seco no celular, ele põe a mão no bolso:
Mensagem recebida: “Sinto sua falta”.
A reação é imediata. Pára, de súbito. As pessoas passam e nem percebem. Ninguém ouve. Ele segura o telefone com força. Uma torrente indefinida de palavras e sentimentos. Um choque mental. Ele olha para a tela com suas luzes coloridas. A respiração se alonga. um segundo, duas horas? Os olhos se fecham mais uma vez. Ele guarda o telefone. É dia claro, mas vai chover. Ele tem certeza. Nos ouvidos, explode uma canção só sua.
Foto: Thiago Zati
3/19/2009
Ideias, palavras. Sentimentos e frases
Muito bem amigos. Não tenho muito tempo.
Estou neste exato momento na casa da minha irmã a fim de escrever alguma coisa no blog apes. Inaugurar minha participação nesse coletivo editorial de amigos. Antes de tudo, obrigado pelo convite.
Algumas idéias tinha separado na minha suja casa no bairro de Santana, mas deixei todas escritas na escrivaninha no meu quarto. Deveria tê-las separado, e num momento oportuno utilizado de um pedaço de papel, tê-las trazido no bolso da calça para escrever e poder dividir com vocês. Já que não fiz, vamos às vias de fato.
As ideias vêm e vão, recobro as memórias e tento alinhá-las num discurso minimamente inteligível e organizado. Mas é difícil. Repasso as linhas escritas nada me satisfaz, apago tudo, volto a escrever e mais linhas vão sendo alinhadas umas atrás das outras como fileiras de formigas africanas. Apago tudo como se pisasse nessas formigas, ou como se um exercito de elefantes, zebras, rinocerontes, alces, girafas e afins, passassem numa turba descontrolada destruindo tudo ao redor, inclusive as formigas, ou melhor, as linhas mal escritas.
Volto ao primeiro parágrafo, tentando escrever algo que me contemple. Vou secretando letras, palavras, linhas umas na sequência das outras e dá-lhe insatisfação e raiva. Um labirinto de palavras, sentimentos e memórias. Os lugares por onde passei não consigo traduzi-los em palavras e as paisagens vistas se tornam amorfas e sem vida. Refaço os pergaminhos escritos, os lavo com doses extras de raiva e talho novamente. Nenhuma satisfação depois de horas de escritas e quilos de palavras reproduzidas. Leio os clássicos, retorno ao editor de texto. Me refaço de memória, lavo meu corpo com idéias e paisagens pretéritas. Mulheres, alucinógenos, dinheiro, álcool, futebol, livros, ciência, filosofia. Quiçá, escolha algum destes temas e possa utilmente construir algo por simples prazer. Poderia, e deveria escrever sobre comida, ou sobre as diversas formas que já tenha ingerido os líquidos mais insossos do planeta, ou quem sabe, sobre os cachorros ou gatos, quem sabe sobre ácaros, baratas, rastros de ratos nas ruas molhadas de sereno durante uma noite qualquer.
Escrever é uma tarefa de arte para alguns, para outros, como eu, significa uma tarefa altamente autoritária e ditatorial da minha personalidade para com meu corpo e atenção. Tem de se ter ordem, ser rigorosamente organizado e tentar vomitar algo útil a mim mesmo. Que possa ser uma ordenação explícita de minhas memórias.
Por hora, me sinto satisfeito e um tanto envergonhado por disponibilizar e socializar alguns de meus questionamentos.
Até, amigos.
Desembarque
Conceito, Releitura e Técnica
quem vigia os vigilantes?
E quanto ao filme? Bom, já se tem de ter em mente, que não é fácil transpor uma obra de 2 dimensões para o cinema. Zack Snyder tem no currículo a boa transposição de "300"de Frank Miller, que eu até entendo ter gente que não gosta, virou uma espécie de "ópera macho", mas até aí é o Frank Miller, e isso merece um post próprio.
E o que posso dizer? Filmão. Diversão garantida, respeito com o leitor original da série e uma preocupação de montar o filme inteligível para quem não é familiarizado com isso. Ação, violência, sexo, lutas bem coreografadas, tudo ali. Não esqueçamos crianças, o cinema hoje é uma indústria, e visa o lucro por isso são necessárias algumas adaptações. Ao sair do cinema eu senti vontade de comentar, de tagarelar sobre com alguém. Me senti empolgado, não tive a sensação de ter passado por uma pegadinha ou sido feito de otário como outras vezes. Acho que esse é o melhor "termometro"para se começar analisar um filme.
P.S. O título da post é manjado, mas a Apes precisa de visitas aqui no blog, assim cai mais fácil no papa-google. Recomende a revista a seus amiguinhos e volte mais vezes.
3/18/2009
Você não odeia a cidade, é ela quem odeia você!
E os comentários das pessoas nas ruas: "Isso é tudo culpa das autoridades que não desentopem os bueiros!", "A culpa é do povo que não tem educação, e joga lixo na rua", E o melhor, os comentários da classe média universitária (Principalmente os estudantes de ciências humanas), neo-pseudo-hippies e que vive preocupados com a saúde do globo: "Essa cidade não tem mais jeito não, eu quero é ir morar na praia ou no campo, odeio a cidade grande". Será que isso faz algum sentido? Quando pensamos nos problemas das grandes cidades como: enchentes, engarrafamentos, violência urbana, falta de habitação, etc. Não podemos esquecer que estes problemas são nossos problemas, nós os criamos e não a cidade. O caos instaurado em São Paulo em virtude das chuvas é apenas uma reação a forma como nos relacionamos com o espaço público, quando o tranformamos em uma lixeira céu aberto, como lidamos com a modo de produção e com a economia, enfim, como vivemos. Os problemas que temos com o trânsito, existem porque você mora em uma casa com 3 pessoas e tem 4 carros, na garagem, ou algo do tipo. Sendo assim, quem deveria odiar quem? A cidade só nos dá de volta o que damos a ela, só que ela concentra toda a nossa estupidez e a transforma em transtorno contra nós mesmos. Então antes de odiar a cidade, comece a odiar a si mesmo, que a cidade agradece!
3/17/2009
Música, Filmes, Download, etc.
Enfim, as coisas estão mudando e aparentemente para melhor, as oportunidades estão sendo criadas e a agora só precisamos aprender a nos localizar e aproveitar tudo isso! Para o bem ou para o mal a Revista Apes é uma prova de que o monopólio cultural dos donos da cultura está chegando ao fim!
Clo
Lembro do dia em que ouvi a notícia de que Clodovil Hernandes havia sido eleito deputado federal por São Paulo. Ombro a ombro, cerrava fileiras naquele bestiário bizarro que se tornou as duas casas representativas desta federação do acaso.
Mas hoje, o dia não lhe foi dos melhores. Cercado de paetês e rosas brancas, deu com as dez de morte morrida em um hospital da cidade. As últimas informações indicam que o único a estar em prantos e a velar o defunto é seu professor particular, catedrático da USP, que lhe dava aulas de política brasileira – e que devido ao acontecido, terá sua renda mensal reduzida.
Se a política e a democracia brasileira têm salvação, ela só começa com o fim do zoológico de figuras que se aproveitam de sua popularidade discutível ou de uma imagem pública baseada no ridículo para se elegerem a cargos públicos.
Foi tarde. Vai agora alfinetar os querubins.
Patrulha do Macaco
- Herr Papa Bento que de abençoado nada tem, em continente miserável, desaprova a camisinha. Se bem nosso cérebro de símio recorda pecado seria ser nazi, ou ser anti-semita, agora anti-vida que Deus nos perdoe...
- Ainda no departamento religioso, vale menção desonrosa a excomunhão do médico que movido por uma ética ímpar, assumiu realizar o aborto em menina violentada. Anos de danação no inferno mais profundo ao médico, equipe e família. Para o tarado nem se lembra. Está mais que na hora de rever com o todo poderoso.
- E o grão Duque do maranhão voltou! Marimbondos de fogo em nossas bundas jovens e semi-analfabetas. Em país inculto de ex-presidente cacique e imortal, o novo é o velho. Salve a manutenção de que tudo,tudo, continue na mesma.
-E antes de voltarmos aos galhos para as pranchetas de análise, a selva de pedra paulista esta afundando no dilúvio, o pior é que não tem tronco nem para Noé criar balsa, que dirá fazer arca.
17 de Março, dia de Saint Patrick
Em tempos sombrios, Santo Patrício de casa faz - e fez, milagre.
James Joyce, o maior escritor em língua inglesa do século XX, e patrono das letras irlandesas, nos disse em seu Ulisses:
"Tudo insanidade. Patriotismo, tristeza pelos mortos, música, futuro da raça. Ser ou não ser. O sonho da vida terminou. O fim é tranquilo. Eles podem continuar a viver."
Brindemos à sua saúde
3/16/2009
3/03/2009
Abertura dos trabalhos - 17 de Março de 2009
É com prazer que a Apes inicia suas atividades. Mas para que mais um blog sobre crítica e divulgação cultural e artística? Aqui, divulgaremos idéias, textos, palavras, imagens, música. Arte. Somos muitos, mas partimos do mesmo ponto. Nossa idéia é sempre partir do insólito, do divergente, do não-óbvio. Buscamos, nesse pequeno espaço que criamos, soltar as rédeas dos limites impostos pelo comodismo e pelo consumismo. Expomos aqui um pouco de nós mesmos e de nossos colaboradores, porque acreditamos que assim deve ser. Por teimosia. Pois temos voz, idéias e às vezes, talento. A Apes é apenas uma rajada de vontade. Uma afirmação de impaciência. A liberdade é a tona. A responsabilidade é nossa base. A crítica é infinita.Agradecemos desde já sua visita. Voltem sempre e estejam a vontade. A casa é nossa. Se o ser humano pensante é um animal em extinção, chegou a vez do macaco retomar seu lugar de direito.
Os editores